Garotas querem se divertir

O namorado disse pra ela “eu só estou com você porque você é certinha” e aí foi um choque saber que a maioria dos rapazes fazia uma divisão em sua cabeça entre as meninas pra “zoar” e as meninas pra casar. Hahaha....acho engraçado como isso acontece de verdade na cabeça de alguns garotos. A coitada ficou tão absurdamente assustada e se perguntando “será que eu sou pra casar?” e eu novamente achei engraçado como as mulheres têm, às vezes, uma capacidade impressionante de serem tolas. Pensei “caramba como eu sou ‘erradinha’, então não vou casar nunca” e uma risada maluca me ocorreu porque lembrei da Pagu e do jeito como as pessoas costumam rotular o que não precisa de rótulos, e do quanto elas não percebem a infinidade de tonalidades de cinza que existem entre o preto e o branco, a infinidade de números entre o oito e o oitenta e do quanto elas só percebem essas coisas quando é conveniente. Não é preciso ser freira e nem puta, no final das contas e nem viver pra agradar ninguém, mas viver do seu jeito. Poder ser mulher, feliz, realizada e bem resolvida, sendo louca, consciente, responsável, criança e adulta, tudo ao mesmo tempo. E lembrei da Pitty também, porque o importante é ser você. Seja estranho, bizarro, mas seja você! Depois veio a Clarice Lispector, a Simone de Beauvoir e uma frase muito boa que eu li em algum lugar: “nem se nasce mulher, torna-se mulher”. Na real, até hoje não me sinto mulher porque me acho muito jovem pra ser mulher e muito velha pra ser menina... apenas um papel assumido na sociedade que o homem define. “Um produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam de feminino”.
Então eu fui andando pela calçada, pensando na garota, no quanto ela tava arrasada da vida, quando dei de cara com uma Drag Queen incrível e imaginei quanto preconceito é preciso deixar de lado pra curtir a verdadeira liberdade que ela parecia curtir, ir no parquinho de diversões sem ligar porque só tem crianças, tomar coca-cola com gelo e limão, mas sem culpa. Fiquei sentindo aquela brisa no meu rosto e deu uma vontade absurda de ir no banana boat logo ao amanhecer. Depois eu até fui, mas àquela hora eu só queria comprar uma mini saia, colocar um salto alto e sair pra pista me sentindo a drag. Que sensação incrível! Nem parecia eu e na verdade não era exatamente eu, mas uma outra garota que deixou seu eu em casa se queixando de tudo e saiu pra se divertir como nunca, esquecer as bobagens que impedem a gente de ser quem a gente é de verdade. Já experimentou dançar como se ninguém estivesse te olhando? Tipo fim de balada sabe? Sem querer saber de ninguém, eu dancei até o dia amanhecer... “eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também”... Todo mundo fala que não se arrepende de nada na vida e que se pudesse faria tudo igual, mas eu me arrependo de muita coisa. De não ter vivido mais cedo coisas malucas assim. Talvez eu já tivesse perdido, a essa altura da minha existência, essa necessidade insana e insaciável de uma liberdade que eu nem sei se existe mesmo, o desejo de mais tatuagens, de mais aventura, de menos normalidade. Não sei, será que esse tipo de sentimento vai embora um dia? E se for, será que serei capaz de ser feliz sem ele?
Se pudesse escolher nascer de novo, com certeza escolheria ser a moça mais louca e independente do mundo, muito mais do que eu sou, mas tipo doida consciente, sabe? Sem pensar muito eu queria ser “aquela a andar sob a luz do sol”. Não de sexo e drogas, mas de muito rock’n’roll e baladas malucas, cabelos coloridos, piercings e tattoos até faltar espaço no corpo, extravagância total. Eu curto esses visuais psicodélicos, de gente que não tá nem aí pro mundo, sai do jeito que quer e nem liga se ta fora de moda, se não se encaixa na sociedade e tudo mais. De certa forma a gente não se encaixa nunca. Tipo uma Cindy Lauper, sabe...”Girls just want to have fun”, e por que não?

liberdade pra dentro da cabeça

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