127 horas
A gente esta tão acostumado a acordar todo dia sem sentir dor, com tudo no lugar certo, não é? É tanto que qualquer problema, seja um resfriado ou uma dor de garganta acaba se tornando um tormento. A vida é tão frágil, tão fácil de se perder, mas a gente nem se dá conta disso, costumamos pensar que certas coisas não acontecem com a gente, só com outras pessoas bem distantes, aquelas que a gente ouve falar no noticiário, no jornal ou na internet, as que são retratadas em filmes, livros e músicas que a gente ouve o tempo todo como se fosse apenas coisa inventada. Quando entramos em contato com esse tipo de história, nunca soa com o realismo que deveria, a gente não sente e não sabe realmente como é porque nunca vimos de perto. Mas experimente perder o topo do seu dedão ou conversar com alguém que tenha perdido alguma parte do corpo pra ter uma idéia do que eu estou tentando dizer.
Uma história que eu ouvi recentemente foi a contada no filme 127 Horas e que foi muito melhor do que eu esperava, porque me fez refletir sobre algumas coisas básicas: como é bom ter todos os membros do meu corpo funcionando e em bom estado, como é bom poder tomar um copo d’água quando tenho sede ou ter com quem conversar quando me sinto só. Como é impressionante que a gente facilmente se esqueça do quanto essas coisas são boas! Sabe, poder ir ao banheiro quando se tem vontade, levantar da cama sem precisar de ajuda, movimentar os braços ou fazer uma simples refeição. Esse filme nos faz pensar sobre como pequenos atos de egoísmo escondidos em nossos dias podem custar tão caro em nosso futuro e no quanto às vezes somos egocêntricos demais, no quanto é importante se importar com as coisas e as pessoas ao nosso redor, no quanto elas significam pra gente e muitas vezes não percebemos ou não demonstramos adequadamente. O filme norte-americano conta a história verdadeira de um cara, aparentemente muito individualista, chamado Aron. Ele é alpinista e gosta de fazer suas escaladas sozinho, no meio do nada, sem avisar a ninguém, só com seu MP3 e sua bicicleta. Acontece que, em uma dessas aventuras, o rapaz acaba caindo no meio de um dos canyons e ficando lá com seu braço preso entre a rocha e uma pedra que rolou e caiu esmagando sua mão, durante 127 horas. Nesse período de tempo ele tenta, inutilmente, remover a pedra de cima de seu braço para poder sair do lugar e passa por momentos de extrema solidão, medo, arrependimento, dor e tristeza. O filme enfatiza a luta pela sobrevivência, o aprendizado em torno dos nossos erros, a superação dos seus limites quando o que está em jogo é a vontade de viver.
Para mim, esse filme retrata mais do que a história de um cara comum, como muitos que conhecemos, que se acha auto-suficiente, que não está nem aí para as pessoas que se importam com ele, aquele tipo de pessoa que só quer saber de si mesmo e nada mais. É uma lição de vida que a personagem aprende, infelizmente, pagando um preço muito alto: que não existe força mais poderosa na terra do que a vontade de viver. Que bom se pudéssemos aprender de forma diferente do Aron, mais fácil e menos sacrificante, mas a verdade é que às vezes parece que precisamos perder para aprender a ganhar. “You’ve got to lose to know how to win”. É isso, essa é a minha visão. Eu recomendo!
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