Sobre mim
Quem eu fui, quem sou e quem serei...
Eu fui alguém que fez a mãe passar vergonha. Uma criança bagunceira. Gerada em Brasília, nascida em São Caetano do Sul e criada entre a cidade de São Bernardo do Campo e o sertão nordestino. Entre as idas e vindas, eu aprendi a gostar das noites de São João, mucunzá e de plantar fava no quintal. Aprendi também a não me deixar levar pelos preconceitos enraizados em nossa sociedade e a aceitar que, definitivamente, não gosto de forró e música sertaneja, mesmo tendo sangue paraibano nas veias. Sempre me senti muito menor do que o meu real tamanho propunha, e talvez por isso mesmo tenha agido desde muito nova com a bravura de alguém muito maior do que eu realmente era. Perto da adolescência foi quando eu descobri as coisas que viria a odiar em mim para o resto da vida, nessa altura do campeonato as brincadeiras com meu irmão e as coisas que faziam meus pais se orgulharem da única filha já deram sinais de rachaduras. Nessa época comecei a desconfiar que nunca seria aquilo que meus pais idealizaram e aceitar essa idéia foi um grande desafio pra mim. De lá pra cá muita coisa aconteceu.
Eu sou alguém que não se importa muito com o que os outros pensam, indecisa até o último fio de cabelo, adoro trocar os dias pelas noites, tenho verdadeiro pavor de baratas e o hobby de assistir a filmes e seriados repetidas vezes. Sou mais bonita do que consigo imaginar e mais feia do que a maioria das meninas ao meu redor, estou sempre mudando o visual como uma forma de fugir da rotina, que me cansa muito. Tenho um ofício que me faz sentir mais parte da sociedade e me traz satisfação profissional de vez em quando. Curso uma faculdade que não me dá muito prazer, mas vale o aprendizado – acredito que nenhum aprendizado é desperdiçado. Tenho poucos, mas bons amigos (aqueles que consigo contar em apenas uma das mãos, alguns imaginários rs), uma família que considero vitoriosa e um relacionamento afetivo próspero e estável. Em muitos dias tudo isso parece mais do que suficiente, mas em outros momentos, apesar de tudo, eu nem sei o que estou fazendo aqui nesse planeta. Os planos e metas, as preocupações constantes com coisas banais, a alienação da rotina do dia-a-dia, tudo isso faz com que eu me pergunte se somos realmente mais felizes e completos do que eram nossos avós. Com o tempo a gente se esquece do que é essencial.
Eu serei alguém provavelmente insaciável. Se me sobrar um pouquinho de sanidade, tentarei ao máximo ser alguém melhor do que sou hoje, mas às vezes acho que todo mundo quando envelhece fica chato porque sempre existe a ilusão de que antigamente, “no meu tempo”, tudo era melhor e diferente. Talvez eu faça um mestrado, talvez uma viagem para o exterior ou talvez mude de emprego, nunca se sabe. Provavelmente nunca deixarei de estudar e não terei filhos. Espero ter mais tempo para criar animais de estimação, plantar flores, nadar e assistir aos filmes e seriados que ainda não consegui. Serei alguém não muito diferente do que sou agora, não vou ser hipócrita a ponto de fingir que acredito em uma mudança mágica, mas certamente serei uma pessoa, como tantas outras, em busca da tão almejada auto-realização da pirâmide de Maslow. Realmente nenhum conhecimento é em vão.