Quantas pessoas fazem você se sentir extraordinário?
“Tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta, de sol quando acorda, de flor quando ri. Ao lado delas, a gente se sente no balanço de uma rede que dança gostoso numa tarde grande, sem relógio e sem agenda.”
A primeira vez que eu li o texto acima, obra de uma autor que eu desconheço, achei que estivesse diante da expressão mais perfeita do que eu sentia toda vez que conhecia alguém especial demais. Dez anos passaram-se e eu ainda sinto a mesma coisa, pelas pessoas e pelo texto. Da nossa vida entram e saem indivíduos a toda hora, alguns passam apenas o minuto de um “olá, como vai? prazer em conhecê-la” ou menos do que isso, outros passam apenas os segundos de um olhar dentro do ônibus, um respirar forte, uma expressão nervosa ou um sorriso disfarçado no meio da confusão do nosso dia-a-dia turbulento. Alguns ficam tempo suficiente para um papo furado, um momento de descontração, um comentário inutilmente engraçado ou inutilmente vazio. Diversos ficam por mais tempo e não contribuem em nada, assim como não contribuímos também com eles. Mas alguns ficam menos do que gostaríamos e deixam um vazio absurdo ao cruzar a esquina. Há quem fique eternamente em nossa memória, de forma boa ou ruim, marcados como a brasa no couro do gado, como se nem mesmo o tempo fosse capaz de apagar, gravados nas nossas futuras atitudes, nos nossos sonhos, nos nossos rumos.
Existem aquelas que considero pessoas incríveis, que fazem parte da nossa vida por um pequeno instante ou por um longo tempo, não importa, e tornam-se mais do que parte de nós, aqueles em quem desejamos nos espelhar para o resto da vida, em quem sabemos que podemos confiar de verdade mesmo sem conhecer direito, com quem nos sentimos assustadoramente bem, com quem é fácil conversar sobre qualquer coisa, com quem as coisas fluem naturalmente. Aquelas pessoas que nos atraem por nos fazerem sentir em um mundo diferente do que a realidade muitas vezes propõe, aquele tipo que olha o mundo e quer melhorá-lo, torná-lo muito mais do que os outros desejam fazer dele. Esse tipo de pessoa pode estar longe ou perto, mas é como se seu alma deixasse um rastro de paz de espírito em nosso caminho, trazendo uma sensação e um alívio imediato de sentir que somos mais do que esperamos, fazendo-nos acreditar em nós mesmos com a ingenuidade de quem um dia acreditou em papai Noel. Essas pessoas nos enriquecem, nos trazem encontros sem perda, como estar em um grande jardim-labirinto, completamente sozinhos, sem esperança de chegar do outro lado, sem ao menos vontade de tentar e, de repente, ver alguém vindo em nossa direção com uma grande tesoura de jardineiro nas mãos.
É realmente como trocar o salto pelo chinelo ao chegar em casa depois de um dia cansativo de trabalho, ir dormir tarde e acordar tarde quando o que mais precisamos é de um descanso para o corpo e para a alma, como olhar para o céu ensolarado em meio a algumas poucas nuvens e contemplar seu infinito, como sentir o vento no rosto e saber que ele pode trazer de volta todos os lugares onde estivemos juntos até que voltemos a viver aqueles momentos enquanto o vento passar . É uma sensação de não pertencer a nada, a ninguém, a lugar nenhum. Como se o mundo não tivesse nenhum segredo e as dificuldades que encontramos e colocamos em nossa vida fossem detalhes muito insignificantes perto da beleza que nos é oferecida de graça, todo dia.
Bem, eu sei que essas pessoas infelizmente não ficam para sempre, e nem deveriam, mas sua presença, duradoura ou passageira, faz com que a gente realmente sinta que o tempo é outro e a vida fica com a cara que ela tem de verdade, mas que a gente desaprende de ver.
“Ao lado delas, saboreamos a delícia do toque suave que sua presença sopra no nosso coração. Ao lado delas, a gente percebe que a sensualidade é um perfume que vem de dentro e que a atração que realmente nos move não passa só pelo corpo, corre em outras veias pulsa em outro lugar.”
falo de um amor universal |
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