Keep bleeding
uma nova parte de mim |
Em resposta à indagação que o meu corpo faz agora, e que talvez o mundo possa fazer, mesmo que eu não me importe muito, essas linhas que se seguem, demarcando um caminho estranho, poderiam ser as minhas veias sim, cheias de sangue vermelho que, aos nossos olhos frágeis e imperfeitos, aparecem azuis sob a pele- os nossos olhos quase sempre não se mostram confiáveis, e muitos de nossos outros sentidos também. Poderiam ser da partitura de uma linda canção sim ou da trilha sonora que não sai dos meus ouvidos do momento em que acordo até quando eu vou dormir, das composições que transformam a minha vida em um musical sem tema definido. Poderia ser a linha imaginária que o vento faz quando passa por nós e que aparece nas ilustrações dos livros infantis que eu e você já vimos juntos, bem como a linha do cheiro que sai da torta da vovó que eu nunca tive. Poderia representar até a linha do horizonte, que faz a gente ficar bestificado em frente ao que parece o fim do mundo e que, na verdade, não é o fim porque ele não tem linha de fim nem de começo. Mas se pensar bem, acabo sempre concluindo que são as linhas de referência que eu tracei pra me guiar até um lugar que eu não conheço e nem sei onde vai dar, o caminho da vida que eu deixei pra trás, da vida que começo agora e todo dia, da vida que eu escolhi pra mim. Um lugar que me dá medo só de pensar e ao mesmo tempo me diz que algum dia irei procurar. Não é o fim do arco-íris, isso eu sei.
Uma flor, uma borboleta, um caminho, um sinal de que eu não pensei muito bem no que eu realmente era ou queria. A borboleta que um dia esteve dentro do casulo, a flor que um dia foi pura. A trajetória de um dia, de um mês, de um ano ou algumas décadas de sonhos perdidos, afogados, despedaçados no asfalto da avenida como a pomba atropelada. A beleza e a loucura que faz a gente olhar no espelho e dizer pra si mesmo que não é mais possível evitar. Eu continuo mantendo os braços abertos.
É a dor ou aquela voz que não cala dentro da minha cabeça, que não me deixa ser mais feliz? É o que eu sou ou o que fizeram de mim? É o sonho ou o pesadelo em que me transformei? Quem sou eu de verdade, por trás da pele ou do cabelo pintado? Quem é você que eu também não sei?
"A lua, a praia, o mar. A rua, a saia, amar... Um doce, uma dança, um beijo. Ou é a goiabada com queijo? Afinal, o que faz você feliz?"
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