Um homem de honra
Em meio à angústia do meu dia,
tive a feliz oportunidade de conhecer um pouquinho mais, e de forma mais
detalhada, a história de um homem chamado José Leocádio Gomes, pai do meu pai,
que serviu de inspiração para o nome do meu irmão mais novo. Eu não me lembro
dele porque veio a falecer quando eu tinha apenas dois anos de vida. Mas antes
de falar dele, preciso contar um pouco da história dos meus pais.
Meus pais se conheceram muito
cedo, ainda na infância, ele com seus 15 ou 16 anos de idade e ela com dez anos
a menos. Eles moravam em um lugar muito, muito distante, longe da civilização,
e suas famílias eram muito próximas e amigas. Minha mãe é prima de segundo grau
do meu pai, e logo após a morte da minha avó (por parte de mãe), minha mãe
acabou indo morar na casa da família do meu pai, quando era ainda criança. Meus
pais ficaram tão próximos um do outro, quase como se fossem irmãos, chegaram a
ter um “namorico” quando minha mãe entrou na pré-adolescência, por volta dos 12
anos, mas só foram engatar romance sério uns quatro ou cinco anos mais tarde.
Foi nessa experiência de minha
mãe que ela passou a conhecer muito bem o meu avô, que seria um dia seu sogro,
e é por meio dessa experiência relatada por ela que eu escreverei agora sobre
ele.
O Sr. José Leocádio, como minha
mãe costuma chamá-lo, era um homem de aparência morena, diferentemente do meu
pai, que é louro de olhos verdes bem claros, tinha no pescoço a mesma marca de
um x que o meu pai carrega também e a vida inteira foi um homem da roça. Ele
tinha um jeito sereno e tranqüilo de ser, uma sabedoria impressionante para
alguém que quase não teve estudo ou instrução, a seriedade, integridade e honra
de um verdadeiro cavalheiro. Ele tentou criar seus filhos com o princípio
básico da honestidade, acima de qualquer coisa, e sem fazer diferença entre um
ou outro. Se não podia oferecer determinada regalia ao meu pai, então não
ofereceria a nenhum de seus irmãos, educava os filhos com rigidez e, ao mesmo
tempo, com conselhos sensatos, daqueles que se oferece em pouquíssimas
palavras, que trazem um absurdo de reflexões. Ele faleceu de ataque cardíaco,
de forma rápida e praticamente instantânea, o que minha mãe considera se dever
ao fato de ele ter sido um homem maravilhoso. Suas declarações sobre ele
baseiam-se, principalmente, nas sensações e percepções de uma criança, sobre o
tratamento que lhe foi oferecido nos meses em que morou na casa dele. Para uma
criança órfã de mãe, esse tipo de experiência deve realmente marcar muito.
Naquela época, o Sr. Leocádio, em
sua sabedoria sublime e pressentindo a própria morte, levantou-se da cama
apenas de cuecas, como costumava dormir toda noite, e vestiu-se todo: calças
compridas e camisa, e deitou-se para morrer.
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