O discurso de Baby
Existem muitos filmes considerados romances "bobos” por muita gente, mas que
marcaram muito a minha vida, entre eles No amor e na guerra, Antes do amanhecer, Ghost- Do outro lado da vida, A princesa e o Plebeu, Tudo por amor,
e muitos outros. Eles marcaram não apenas pelos romances melosos que toda
menina adora, mas porque dentro de cada um é possível perceber uma lição
muito bonita de luta por uma liberdade juvenil, luta pela vida, pela realização de um sonho, pelo perdão ou por qualquer outra coisa em que se acredite profundamente e que, na minha cabeça, mesmo naquela época, já estava claro que não estava relacionado ao
romance por si só, mas ao crescimento das pessoas por meio dos relacionamentos.
Revi recentemente o primeiro
lindo filme que marcou a minha infância, o primeiro que me lembro de ter
realmente me tocado, que foi o Dirty Dancing. Eu tinha 12 anos quando assisti
esse filme pela primeira vez e me lembro muito bem que estava na casa de uma
vizinha, com as minhas primas. Foi numa época em que eu morava em uma casa que
ficava no mesmo quintal da casa delas e, mesmo sendo bem mais adultas do que
eu, acabei me enturmando bastante com a galerinha com quem elas andavam. Eram
três primas de segundo grau, filhas do meu tio-avô, e que tinham entre 18 e 21
anos de idade. Eu tinha muito menos, mas observando elas, sonhava, como a
maioria das meninas da minha idade, em ter muito mais.
Quando eu vi aquele filme eu
fiquei tão apaixonada, não apenas pelo Patrick Swayze (hehehe), mas pelo
romance, pela história, pela época em que se passa o filme (anos 60), pelos
valores familiares e a ligação da personagem da Jennifer Grey com os pais e,
principalmente, pela forma como o filme mostra a transformação da menina “Baby”
em uma mulher. Esse foi o maior encanto que o filme teve para mim porque eu
estava vivendo um momento assim naquele ano, o dilema pelo qual passa toda
menina quando percebe que está deixando as bonecas de lado e começando a
prestar atenção nos meninos, os dramas com a família, a primeira menstruação, a
figura do pai e todas as confusões que esse momento traz. O medo de crescer, de
se tornar adulta, de se entregar, de assumir as coisas que sente, de se
machucar. Resolvi rever o filme recentemente e, para minha surpresa, ainda
adoro, ainda me faz arrepiar, ainda me encanta quase como da primeira vez que
assisti. Isso porque, embora tenham se passado 18 anos e tantas coisas tenham
mudado (como mudaram!), sinto como se pudesse resgatar a menina que existe em
mim, não pel a fantasia do romance, mas pela essência de descoberta, de
maturidade e de paixão que o filme passa. Dirty Dancing foi pra mim um sonho, e
continua sendo.
Deixo o link do vídeo da cena que eu mais gosto deste filme, e a que mais me emociona, quando a Baby, sentindo a distância e o silêncio que começava a se mostrar entre ela e seu pai, por causa de seu comportamento, resolve conversar com ele, expondo seus sentimentos. Ela diz “Desculpa eu ter mentido pra você, mas você também mentiu. Você disse que todos são iguais e merecem ser tratados de forma justa, mas você se referia aos seus iguais. Você disse que queria que eu mudasse o mundo e tornasse-o melhor, mas isso se eu me tornasse uma advogada, uma economista ou me casando com alguém de Harvard. Eu não estou orgulhosa de mim mesma, mas faço parte dessa família e você não pode ficar calado. Tem muitas coisas em mim que não são como você pensava, mas se você me ama você tem que amar tudo em mim. Eu te amo e sinto muito tê-lo decepcionado. Sinto muito pai, mas você me decepcionou também.”
Tenho certeza absoluta que mesmo um dia, quando eu estiver bem velhinha e não tiver mais meu pai do meu lado, ainda me lembrarei deste diálogo que traduziu, naquele momento, muito do que eu pensava e não falei.
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