Sunscreen
Esse é um vídeo que quase todo mundo conhece, ou pelo menos já ouviu falar. Ele já foi divulgado na rede globo, tem até dublagem do Pedro Bial, o que o torna algo popular. Mas eu gostaria de falar sobre o quanto ele mudou a minha vida.
Houve um tempo em que eu deixava de fazer as coisas que eu tinha vontade simplesmente por medo do que as pessoas falariam ou pensariam, e nessa época descobri que os maiores preconceitos estavam dentro de mim e que eles me impediam de viver. Eu queria ser um modelo perfeito, sabe aquela garota que todo pai gostaria de ter como filha, o orgulho da família? A primeira vez que eu vi Sunscreen foi como se alguém tivesse me dado um tapa na cara dizendo “acorda pra vida!”, e percebi que a vida tem a cor que a gente pinta mesmo. Não porque o vídeo tivesse revelado alguma coisa que eu já não soubesse, mas pela forma como essas coisas se mostram nele. O que mais me encanta é a edição, a forma como as imagens conversam entre si, com a música e com o texto narrado, a forma como as coisas se encaixam. É impossível não pensar no quanto a vida é mais curta do que a gente costuma se lembrar, na dádiva que podemos fazer dela, no quanto desperdiçamos nossos dias com coisas estúpidas, no quanto nos fazemos de vítimas choronas e patéticas diante dos nossos problemas, no quanto nos escondemos de nós mesmos acreditando na ilusão de uma perfeição que não existe. O bom é ser imperfeito, “nunca se sabe qual é o defeito que sustenta o nosso edifício inteiro”. Refleti sobre todos os mares onde deixei de mergulhar, todos os olhares que deixei de seguir, todas as palavras que deixei de ler, todos os sonhos que deixei de viver, todas as pessoas que deixei de cativar. Como é possível não experimentar de tudo o que há disponível diante de nossos olhos? O mundo é tão grande, tão maior do que o limite que muitas vezes criamos como um escudo. Não estou defendendo a idéia de sair por aí agindo com irresponsabilidade e leviandade, mas de viver ao máximo os momentos que temos para viver. A vida não foi mais fácil para mim depois de pensar nessas coisas, muito pelo contrário, o que quero dizer é que sofrer faz bem, “you’ve got to lose to know how to win”. Sem isso não tem graça, pois é como realmente aprendemos. Não é nos momentos felizes que nos tornamos pessoas melhores, você nunca saberá o que é o amor se não conhece o desamor, nunca conhecerá o frio se não provar o calor. O vídeo pirou um pouco a minha cabeça, é verdade, mas foi graças a ele que eu tomei a iniciativa de comprar a primeira mini-saia da minha vida, que aprendi a boiar nas águas cristalinas de uma praia fabulosa sem vergonha de vestir um biquíni por estar acima do peso, de gritar como uma criança descabelada na montanha russa, de me dar a chance de conhecer o meu verdadeiro eu, os meus próprios limites, até onde eu sou capaz de chegar. Eu cantei Caetano como backing vocal por diversão, virei a minha primeira taça de vinho de uma vez pra ganhar uma aposta, desci do bote no rio e me deixei levar pela correnteza, viajei, entrei em bate-cabeça no show de hardcore, decidi de repente fugir da rotina, do acaso, do normal. Quebrei todos os tabus que poderia quebrar, me deixei amar, falei o que eu pensava na hora em que pensei, arrisquei um novo visual, e sofri todas as conseqüências dos meus atos com prazer. Eu nunca mais fui a mesma e sou feliz por isso. Acordar para a vida foi uma mistura de tudo, do certo e errado, da loucura e da sanidade, do bom e do ruim. Provar o pior e o melhor que há no mundo e o pior e melhor que há em mim, com consciência, não tem preço. Foi o melhor que eu já fiz por mim.
Comentários
Postar um comentário
Deixe seu comentário aqui e não esqueça de se identificar. Beijos!