Dor inevitável, sofrimento opcional
Nunca tive motivo suficiente, segundo diversos pontos de vista, inclusive o meu de vez em quando, mas me pergunto incansavelmente o que será suficiente para caber na justificativa que se busca para algo que não deveria ser justificado. Seria como tentar explicar a loucura que faz um cara dar um tiro na própria cabeça. Impossível.
Me pergunto até que ponto somos tão iguais para que tenhamos as mesmas razões. Eu não sei se concordo com a ordem das coisas, mas cada um tem uma forma de demonstrar pra si mesmo que não aceita tudo o que é imposto, isso é inevitável. Se existe algo que não tenha sido inventado, penso que talvez esteja próximo de uma consciência inconsciente, que nos faz tão iguais e ao mesmo tempo desiguais como se houvesse sentido. Uma busca incessante pelo acaso.
Em dias como este, que parecem não ter fim, procuro formas de mudar a imagem diante do espelho, até não ser capaz de me reconhecer, como se isso pudesse realmente me transformar em alguém diferente do que sou agora. Por algumas horas, talvez dias, me sinto diferente, mas como o efeito de uma droga qualquer, logo eu me acostumo e tudo passa a ser monótono e precário novamente. O ser humano é adaptável. Hoje consigo entender melhor a inconsistência de minhas próprias ações no decorrer do tempo, mas como Clarisse, ultrapasso os limites físicos para reduzir a intensidade emocional. Não há nada mais instintivo (ou cansativo). Como se houvesse uma escala indicativa do que é mais essencial para sua sobrevivência. Parece que tanto a ocupação em cuidar de si mesmo, quanto a dor em si, acabam fazendo com que o resto fique em segundo plano. O corpo diz que a dor emocional é menor do que parece, porque enquanto você cuida das feridas “reais” você esquece que às vezes é impossível ter força. Deve ser por isso que algumas pessoas acabam se anestesiando com o passar dos anos a ponto de não sentirem mais nada.
Comentários
Postar um comentário
Deixe seu comentário aqui e não esqueça de se identificar. Beijos!