Esse conceito de homem
Sei que existem muitas garotas por aí que esperam isso de um cara, que eles a levem para jantar em lugares luxuosos, que tenham um corpo sarado ou um carro do ano, que puxem a cadeira e façam elogios à sua beleza, que tenham uma posição de poder na sociedade, entre outras coisas. São as mesmas garotas que dão mais importância ao penteado e ao vestido do que ao que têm a dizer, que esperam casar-se com alguém de posses para não ter que batalhar a própria vida, que não sabem que são capazes de pensar e até acham cômoda a patética idéia de que o que um homem procura é aquilo que elas têm pra oferecer: um “rostinho” bonito. São essas mesmas meninas que andam por aí espalhando machismo muito mais do que os próprios homens, que não se preocupam em cuidar do intelecto e se frustram quando o tempo e a gravidade se encarregam de derrubar seu grande trunfo, as mesmas que vivem reclamando que homem “é tudo igual” e que “nenhum deles presta”. Pois eis a novidade: o que uma mulher de verdade busca é reconhecer e valorizar a pessoa pelo que ela realmente é, independentemente do emprego que tenha, o status ou qualquer padrão de beleza. Não esse modelo vazio, que se encontra em abundância no dia-a-dia. O que ela sente falta não é de um namorado, amigo, amante, nem nada que possa ser rotulado, mas de alguém que acrescente algo em sua vida, com quem possa conversar sobre coisas essenciais, que procure as mesmas respostas mesmo sem saber exatamente qual é a pergunta, que tenha as mesmas angústias nas tentativas frustrantes de desvendar o mundo. Do cara que lê, que se importa com as coisas ao redor, que tem coisas interessantes pra falar sobre o mundo, sobre arte, sobre amor, eventualmente sobre suas próprias dores. Aquele que anda de ônibus (poderia ser um cavalo, uma bicicleta ou um crysler, digam o que disserem, a verdade é que tanto faz), o que uma mulher de verdade quer é alguém que saiba reconhecer e demonstrar afeto, que seja responsável em relação aos sentimentos dos outros e em relação ao seu próprio papel no mundo, que não tenha medo de se expor, de chorar, de dizer o que pensa. Homem que sonhe, que não tenha vergonha de ser diferente, de se conter, de se explicar. O fato é que ninguém precisa ser igual a todo mundo, e eu me refiro às pessoas de verdade, porque assim como ser homem não é sair gritando pelos gols da copa do mundo ou dando porrada em todo mundo, ser mulher também não é ser submissa e ficar em casa segurando o chinelinho para o marido. Eu me refiro, no final das contas, à dignidade do ser humano, daquilo que faz com que você seja raro e especial, do que faz você ter valor, do jeito como você irá se comportar quando não houver mais ninguém além de sua própria consciência por perto. Independentemente do gênero.
“É preciso respeitar as pessoas que não são comuns, gente que pensa, que não aceita tudo o que é dito. A maior parte das pessoas não pensa, nem existe. O modelo da pessoa comum é vazio.” (Renato Russo)
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