qu'est-ce que c'est

Sabe aquelas coisas erradas e nem tão erradas assim, que a gente tem vontade de fazer, mas na maioria das vezes não faz por medo do julgamento dos outros, por insegurança ou por preconceito mesmo? Pois é, de vez em quando, pelo menos uma vez a cada dois meses, eu me dou o direito de fazer alguma coisa desse tipo só para saciar minha vontade de ter um dia diferente ou algo do tipo. Algo que fuja do meu dia-a-dia comum, que me faça sair da rotina e me sentir mais livre ou sei lá o que.  Pode ser uma coisa simples como trocar palavras com um desconhecido, ir ao cinema sozinha, usar uma roupa maluca demais, correr atrás do artista que é o ídolo, tomar uns drinks a mais, ir numa balada gay ou andar até o dia amanhecer.

O fato é que hoje eu fiz uma dessas coisas. Me poupem de críticas porque eu não vou ligar mesmo, mas hoje eu fumei um cigarro. Há tempos estava sentindo esse desejo latente e estúpido, nem saberia explicar porquê, tenho certeza de que não estou grávida J mas há dias fitava o maço de um colega de trabalho com a inscrição “blue ice” em um azul encantador impresso na embalagem preta, e ficava sonhando em experimentar esse negócio grotesco que mistura tantas substâncias tóxicas com um leve sabor de menta.

Não quero fumar, não sou a favor do vício, não incentivo, não tenho nem mesmo idade pra isso, mas o ato de experimentar um cigarro atingiu o objetivo que eu esperava que era fazer a minha sexta-feira ser diferente das demais, ouvindo uma música diferente e sentindo cair uma garoa deliciosa da qual eu senti uma imensa saudade durante os últimos absurdamente quentes, abafados e longos dias que passamos nessa cidade poluída e lotada. A garoa caiu como uma luva e trouxe com ela aquele clima acinzentado que eu aprendi a amar e eu dormi ainda com o cheirinho leve da nicotina misturada com menta em meus dedos, que de uma forma bem bizarra, sinalizaram o meu grito de liberdade de hoje. Que venham mais!