Os outros são os outros e só
Se eu tivesse a minha empresa, a primeira coisa que eu diria a
um novo colaborador seria “esqueça o mundo lá fora”.
Eu odeio a teoria X do Douglas
McGregor, que parte do princípio que "o
trabalho é em si mesmo desagradável para a maioria das pessoas"
e que todo mundo é preguiçoso e,
por isso, precisa ser forçado a trabalhar e constantemente vigiado durante suas
atividades, se não será irresponsável e tudo mais. Embora tenha
conhecido muitas pessoas que encaixam-se perfeitamente nessa teoria, acredito mesmo
que essas coisas devem ser tratadas de forma muito particular.
Quando penso nisso, logo me vem à
cabeça o comportamento que vejo nas pessoas ao meu redor todos os dias, as
pequenas coisas como jogar um papel de bala ou uma bituca de cigarro no chão de
onde quer que esteja, a auto-defesa desenvolvida quando em uma situação de
mudanças, a agressividade com que se trata (quase sempre) o outro desprovido de
discernimento suficiente para entender ou reagir, a deselegância, enfim, os
pequenos absurdos que eu vejo por aí e que me fazem pensar que tudo,
absolutamente tudo é questão de educação.
Quero dizer, com isso, que o meio em que uma pessoa se encontra e,
principalmente, o meio no qual ela cresce e se desenvolve, contribui
significativamente para o ser humano que ela irá se tornar, a forma como ela
irá tratar as pessoas ao seu redor, como irá aprender e crescer conquistando
seus objetivos com facilidade ou dificuldade, vergonha ou honra, prazer ou
desgosto.
A Teoria Y não diz que o trabalho é agradável para a maioria das
pessoas. Ela diz: "o trabalho é tão natural como o lazer, se as
condições forem favoráveis".
Para mim, particularmente, as
pessoas são originalmente interessadas no trabalho e elas o farão com
satisfação e facilidade se houver um incentivo que poucas vezes eu vejo
aparecer. O que acontece com freqüência é o surgimento daquele senhor
indivíduo, que cada um de nós já conheceu pelo menos uma vez na vida. É o cara
que se acha melhor e mais esperto que todo mundo e que quer tirar vantagem de
tudo, queimando o filme do resto da humanidade. Esse tipo de pessoa estraga o
ambiente e faz com que muitos dirigentes deixem de acreditar nas pessoas, nos
seus subordinados. É esse tipo de cara que rouba o voto de confiança que a gente
mereceria ter, caso ele não existisse, e esse cara faz parte da exceção que age
desse jeito não por falta de educação ou por falta de umas boas palmadas da mãe
quando era criança, mas por falta de caráter que nem os pais poderiam resolver.
Claro que não justifica, mas dificulta a vida de todo mundo.
Na minha empresa imaginária esse
tipo de cara duraria menos do que dura na maioria das empresas que conheço, ou
talvez ele nem passaria pela porta. Apesar de qualquer pesar, eu acreditaria
nas pessoas que eu contratasse a ponto de disponibilizar todas as ferramentas
necessárias para que elas desenvolvessem um trabalho diferenciado. Eu não faria
o suficiente, eu faria muito mais do que isso, por meio de quem tivesse vontade
de fazer a coisa certa, pois o desenvolvimento do país e do mundo começaria por
aí. Infelizmente ele não começa em muitos cantos do planeta porque ninguém
acredita que os pequenos detalhes fazem uma grande diferença. Não acreditando
no que se faz todo dia, termina-se por não acreditar nem em si mesmo e a
diferença entre o bom e o excelente está na sutileza e na delicadeza
com que as pessoas enxergam as coisas ao seu redor, não se importando apenas
com o resultado final do projeto ou com o seu desempenho individual, mas com
todos os possíveis aspectos do projeto como um todo. Quantas pessoas conhecemos
diariamente que se preocupam e trabalham pelo todo?
Qualidade pra mim seria realidade
e não um sonho registrado num documento ou procedimento, como as nossas regras,
normas e leis, que funcionam só no papel, construindo verdadeiros cidadãos de
papel, que estão preocupados apenas com os feriados prolongados ou com os
números a mais na conta corrente no final do mês.
Eu incentivaria as pessoas
tratando-as como pessoas, sem hipocrisia, com igualdade e respeito, com a
educação e civilidade que elas merecem se eu quiser um produto ou serviço à altura.
Por isso eu diria “Esqueça o
mundo lá fora! O que os outros fazem é problema deles. Aqui você irá
desenvolver um trabalho de verdade”
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