Tempo, mano velho
A franzina senhora já
encontrava-se debilitada demais para conseguir se expressar como fizera nos
tempos de sua juventude. Com a voz quase totalmente extinta, os olhos fundos e
sem brilho, deles nem lágrimas caiam mais. Seu pranto sem choro tocou a alma do
rapaz, que segurando aquela mão fria e enrugada, chorou como há muito não
tinha coragem. O ar gélido e triste daquele dia lhe trouxe uma noite sem fim,
sem chão, sem sono, sem nada que pudesse tirar de sua cabeça a ideia do peso da
morte, elucidando o quanto somos todos iguais, homens ou animais, presos em uma
carcaça podre e mortal.
Na escuridão de seu quarto, sozinho com os sentidos
descansados na cama quente, respirou fundo mais uma vez olhando para o teto limpo
e viu sua vida passando como um filme, sentindo como o tempo chega para todos. E desejou profundamente que aquela senhora finalmente encontrasse a paz.
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