Ô mãe, eu acho que engoli um parafuso


Bem, esse é o tipo de postagem que eu não costumo fazer, mas o caso é que conheci essa música há muito tempo, no mínimo há mais de quinze anos (!!!), e durante todo esse tempo eu procurei por ela sem sucesso. Nem sei dizer se ouvi com a Thaís Pina ou com a Ladja Betânia, mas descobri que essa é uma composição de Kleber Albuquerque e hoje finalmente consegui baixar o arquivo .mp3!
Essa é uma canção que realmente me emociona, junto com Cidadão do Zé Ramalho, porque me faz reviver a infância, aquela época de deitar no meio do meu pai e da minha mãe e me sentir a pessoa mais feliz e protegida do mundo, portanto, se não quiser me ver chorar como uma criança desmamada, saia de perto quando começar a tocar...
Essa é uma homenagem especial à minha mãe, a quem eu dei muito trabalho quando era criança e que eu acredito que nunca ouviu essa música e talvez nem venha a ler esse texto. O vídeo foi feito por mim, já que não encontrei nenhum na net, e esta sendo publicado aqui apenas para quem quiser ouvir a música, que, na minha opinião, é muito linda.

Mãe (barriga de Fora)

Mãe, por que não me deixaste a vida inteira
Colando o umbigo, de castigo na soleira
Roendo unha e falando palavrão
Mãe, eu tava me esfregando com urtiga
Esmagando crânios de formiga
Com pau de sorvete esburaquei o chão
Mãe, por que não me deixaste a vida inteira
Esperando a hora da senhora vir da feira
Pra mandar o medo ir lamber sabão
Ô mãe, eu acho que engoli um parafuso
O mundo todo anda tão confuso
Eu queria tanto a tua mão
Mãe, vê se me desculpa a choradeira
Mas é que foi no melhor da brincadeira
Que a senhora me mandou crescer
Mãe, hoje já não deixo o nariz sujo
Já não coleciono caramujo
Mas ainda preciso de você
Mãe, por que ficaste assim a vida inteira
Cuidando pra que eu não batesse a moleira
Se era pra apanhar da vida, então
Mãe, por que a gente ainda se utiliza
De limpar os sonhos das mangas da camisa
De cortar os pés nos cacos de ilusão
Mãe, mandaste que eu não tomasse gelado
Me ensinaste a não ser mal educada
Me levaste à escola pela mão
Ô mãe, cuidaste bem da minha catapora
Hoje sou uma menina, e agora
Posso seguir o meu coração...

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