Coisas de gente grande
Eu vi hoje, pela janela do
ônibus, um homem vendendo doces no farol. Seu rosto era sereno como o luar que
me tocava naquele instante em que pude ver, quase de verdade, que ele era um
bom homem tentando ganhar a vida de alguma forma honesta. Vi também, pelo meu
caminho, um menino de aproximadamente oito anos cantando para ganhar uns
trocados, vi um senhor vendendo bijouterias
em uma calçada, uma mulher com a perna machucada sentada na rua pedindo esmola,
uma criança descalça correndo e com o nariz escorrendo inocentemente.
“Sete bilhões!” eu pensei
imediatamente. Sete bilhões é o número aproximado de pessoas que habitam o
planeta atualmente e a maioria nem sabe o que fazer da própria vida ou das
vidas novas que surgem. E aí, como sempre, lembrei de uma frase que marcou
muito a minha adolescência, que aparecia em um filme que eu costumava assistir
todo ano, na época da páscoa: “Os homens morrem de fome não porque Deus deseja,
mas por causa do coração de pedra de outros homens”. E fiquei imaginando
quantas pessoas estão com problemas maiores nesse momento em que tomo um copo
de refrigerante e ouço Djavan embaixo do edredom tentando decidir qual filme
vai tornar a minha noite menos vazia. Quantas vidas serão necessárias para que
eu perceba que nada disso é realmente importante? E no final da noite eu só
queria estar sozinha de novo...
Comentários
Postar um comentário
Deixe seu comentário aqui e não esqueça de se identificar. Beijos!