Homem resignado

Um dia de outono com o céu parecendo querer chorar todas as lágrimas possíveis - nesse dia o sol não beijou a terra. Em um ambiente sombrio, há uma natureza decomposta em resíduos heterogêneos, nauseabundos e insalubres. Homens, mulheres e cães em meio a toda essa demasia de dejetos, porém essas criaturas tornaram-se Indivíduos determinados, trabalhadores incansáveis, apesar de transparecerem com avidez uma nebulosa tristeza estampada nos rostos maltratados pela falta de esperança, a qual reina sempre entre os mais desprovidos. 
Uma comitiva se aproxima do ambiente aglomerado de todos os tipos de resquícios, no intuito de obter algumas informações importantes para o desenvolvimento de um projeto constituído pela referida instituição de ensino. 
Um homem se apresenta como um dos principais dirigentes da cooperativa, em seguida proferiu aos visitantes sobre as regras e maneiras ajustadas naquela corporação. Com muita timidez e com generosos cumprimentos narra sua vida antes de ter chegado àquele lugar. iniciando, portanto, com a sua triste biografia e ao finalizar ele afirma: - “Eu me sentia um bicho naquele lugar, quando alguém se aproximava de mim, eu sentia vontade de entrar chão adentro” (quando ele trabalhava no lixão do Alvarenga). 
Esse senhor por nome Reginaldo, de naturalidade pernambucana, saiu de sua terra natal aos dezesseis anos, veio para a cidade grande trazendo em sua bagagem grandes perspectivas, porém a metrópole foi uma espécie de Madrasta para com ele, e suas esperanças não passaram de quimeras e desilusão, isso fez com que seu destino sem piedade alocasse-o em um lixão na periferia de São Bernardo do Campo, onde durante muito tempo se alimentou junto com urubus e cães. 
Atualmente, é um cidadão resignado, tornou-se um dos principais membros dessa cooperativa, onde faz sua parte em defesa do meio ambiente, realizando palestras e dando lições de como reciclar todo tipo de lixo, abrangendo exemplos magníficos de como tentar salvar nosso planeta. 
No final Reginaldo acrescenta – “Hoje em dia, eu posso até entrar nas Casas Bahia!” 
Reginaldo, cidadão valente! que foi privado de suas idéias as quais não foram realizadas outrora. Conseguiu se erguer porque depois da impotência ele atingiu outras idéias e itinerários, pois nem perdeu o alvo e nem deixou morrer a sua força.
Eta Reginaldo! Homem que trabalha arduamente com uma resignação majestosa oriunda da faculdade que cursou na vida, onde só resistem os mais fortes e persistentes, pois os remanescentes se perdem nas anfractuosidades dos Lixões.

Texto de autoria de Maria Aparecida Dantas Gomes, apresentado na Reunião Pedagógica da creche  Professora Zoraida Aparecida Ramos, em 10 de maio de 2010.

Comentários

Postagens mais visitadas