Descobrir

Toda vez que eu venho à praia acabo pensando em outro tipo de vida que eu gostaria de ter vivido. Vejo jovens e até mesmo crianças correndo pela areia, curtindo o sol e o mar de um jeito que denota para mim toda a absoluta liberdade que eu sinto que nunca tive. Aquela velha sensação de liberdade psicológica que eu senti falta a vida toda e sinto até hoje e que acredito que seria diferente se eu tivesse vivido um outro tipo de vida menos urbana. Vejo essas pessoas meio hippies, fazendo trabalhos manuais, com a aparência de quem não faz questão de fazer parte de nada, pessoas que vão e vêm feito nômades, sem se prender a lugar nenhum, vivendo sem fronteiras, sem amarras. Nunca vivi uma vida assim, embora hoje tenha muito mais espaço e liberdade dentro do meu próprio eu do que há dez anos. Sempre pensei que um dia aconteceria uma grande mudança em minha vida e que isso me traria um aprendizado absurdo, sobre o que eu sou, o que busco e tudo o que verdadeiramente me faz feliz, como a liberdade que citei. Pensava que talvez esta mudança pudesse estar guardada em uma grande oportunidade profissional, um grande amor ou um desejo inesperado de ser mãe, mas nenhuma dessas coisas aconteceu e eu descobri que nenhuma delas seria a minha redenção ou algo do tipo. Há muito tempo me passou pela cabeça a ideia de morar sozinha, devido as condições de trabalhar longe de casa e tudo o mais, pois há mais de seis anos vivo nesta vida de trânsito em São Paulo, porém, eu nunca me senti realmente preparada para isto (emocionalmente). De repente, não mais que de repente, começo a sentir as coisas mudarem dentro de mim e uma nova ideia pede para amadurecer...