Memórias não são só memórias

Engraçado como os dias parecem passar tão devagar e os anos passam tão depressa. Como dizia o poeta de quem não lembro mais o nome “Lembrar-se é viver outra vez”.

Resolvi fazer mais uma daquelas maluquices conscientes que sempre tenho vontade, principalmente em noites de sexta-feira frescas e lindas como hoje, em que me sinto confortável sozinha. Fiz uma caminhada do largo do Rudge Ramos até a rodoviária João Setti, depois de um dia cansativo de trabalho (pra quem conhece São Bernardo do Campo, isso deve significar alguma coisa...rs).
Passei pela igreja e entrei na Praça dos Meninos, com aquela bela decoração japonesa, incluindo o lago de carpas e a iluminação, bem como os ladrilhos das ruazinhas pequenas e aconchegantes, revivendo cada momento que estive ali. A visão de um mendigo dormindo lá dentro é que não foi muito coerente com as minhas recordações.
Continuei subindo a avenida Caminho do Mar e passei por alguns barzinhos que cheguei a frequentar, incluindo um em que lembro de ter pedido uma caipirinha de saquê com kiwi e a garçonete trouxe o copo cheio da bebida com a fruta quase inteira e sem açúcar. Foi como tomar saquê puro e depois comer um kiwi J
Lamentei nunca ter ido ao Calango Bar, que por sinal continua bem convidativo, mas quem sabe um dia... Eu revi a doceria onde muitas vezes comi  a sobremesa do almoço, o parque com o aquário enorme onde fui ver a Céu cantar, o departamento pessoal que nasceu sendo uma escola e terminou voltando a ser uma, a fábrica que trocou os muros brancos por acinzentados e colocou o nome na fachada como eu havia sugerido anos atrás, o espaço vazio na calçada que era ocupado por uma banca de jornal e o ambulatório médico que fechou há alguns anos. Vi o “bar do Ivo”, famoso palco de inúmeros happy hours, encontros de amigos e cafés da manhã. Incrível ver como nada mudou e tanta coisa mudou.
A drogaria, o supermercado, a lojinha de artigos exotéricos. Se não fosse pela falta da banca de jornal ou pela lojinha de roupas que virou loja de instrumentos musicais, eu diria que a Caminho do Mar não mudou nada. Foi só dentro de mim que as coisas mudaram tanto. As memórias, entretanto, são atemporais.

Avenida Caminho do Mar hoje à noite

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