A felicidade não se compra (o que eu aprendo com a ex do meu marido)
Quando entreguei a cartinha na mão da menina, no fundo eu tinha consciência da probabilidade de não alcançar o objetivo principal que era mudar alguns conceitos básicos e, quem sabe, expandir seu pequeno horizonte, pois entendo que aos dez anos de idade certamente em sua mente já encontram-se enraizadas ideias distorcidas devido a forma como foi influenciada desde o nascimento. Em um instante de esperança, escrevi com o coração de uma mulher que não deseja ter filhos, mas que assumiu indiretamente uma responsabilidade com relação a formação de outra pessoa, por meio de uma pequena introdução do que eu ainda acredito que será percebido por sua própria experiencia, em um futuro muito próximo, olhando para o mundo sob outras perspectivas e não apenas a imposta pelo ambiente ao redor. Um dia cortar-se-á o cordão umbilical e, com este momento virá a obrigação natural de pensar e enxergar com olhos bem abertos, mensurar e analisar com critérios e conclusões individuailizadas, ter opiniões próprias. Mas o crédito dessa teoria somente o tempo provará (ou não).
Quem me conhece sabe que, desde sempre nunca quis ter filhos, mas talvez por ironia da vida ou do destino, ou quem sabe para prover-me, inconscientemente, algum tipo de aprendizado (não sei ainda), encontrei um homem quase perfeito, que sendo pai, carrega consigo, como uma sombra, um único defeito: uma ex mulher. Não uma ex comum, mas aquele estereótipo acompanhado de toda a tragédia necessária para contaminar a si e a toda a circunvizinhança. Como diria Joao Grilo, no Auto da Compadecida, referindo-se ao diabo, uma mistura de tudo que não gosto: "promotor, sacristão, cachorro e soldado de polícia" (excluiria somente o cachorro, pois gosto dos bichinhos rs).
Esclareço logo que não trata-se de uma questão de preconceito, acredite em mim, mas ainda se fosse uma questão de pré-conceito, nem haveria de relacionar-me sob tal condição, entretanto, ouvimos por aí coisas quase sempre muito negativas sobre ex mulheres em geral, em julgamentos geralmente precipitados, como se fossem o demônio na terra, como se não houvesse dois lados, como se a vida fosse feita de pretos e brancos e não de infinitas tonalidades... pois é... é sempre muito fácil julgar sem buscar entender todos os lados. Mas contrariando este padrão, costumo tentar sempre compreender o todo e confesso: não tenho muita modéstia em admitir que se houvesse uma especie de graduação para reflexão e compreensão, eu acredito que talvez já estaria a caminho do doutorado. Normalmente, tenho facilidade para me colocar no lugar do outro, ter empatia, sempre penso “e se fosse eu no lugar dessa pessoa?”, ”e se fosse comigo essa situação?”… mas, contudo, porém, entretanto... mesmo após um esforço fenomenal, e talvez até um pouco ingênuo, preciso admitir que tenho me surpreendido muito recentemente com a complexidade da mente humana, principalmente quando encontra-se irrigada por duas características, na minha opinião, perigosíssimas, como a IGNORÂNCIA e o ORGULHO. A combinação mortal desses dois atributos tem sido responsável pela infelicidade, desgraça e desperdício de vida de uma infinidade de pessoas ao redor do mundo. Além das diversas historias de gente mais próxima, é possível ver adoráveis exemplos do que estou dizendo em obras como peças teatrais, musicas, filmes e livros. Um dos que me marcou muito quando adolescente, foi um pequeno trecho do filme No Amor e Na Guerra, onde em uma cena emocionante, Ernest Hemingway disse para sua amada, após muitos anos de saudade e rancor: “...existe uma parte de mim que quer abraçá-la...” mas não a abraçou, trocando o amor e o perdão pelo orgulho próprio. Ele só disse isto e acabou por falar tudo, somente esta frase e ele pagou o preço. Este pedacinho de raciocínio incompleto foi suficiente para me fazer entender que muitas vezes, se não tivermos força suficiente para abraçar com humildade uma oportunidade quando ela se abre, deixando todos os por menores para trás, a porta pode fechar-se completamente e nunca mais se abrir, e as consequências podem ser inimagináveis. Uma ação aparentemente pequena e insignificante hoje, com base em um sentimento tão negativamente poderoso, pode definir todo o futuro de uma pessoa, mas são poucos os que percebem a grandeza desses momentos no instante em que ocorrem, a maioria só encara a realidade triste dos fatos após muitos e muitos anos, ligando os pontos perdidos, olhando para trás... mas ai já não é possível voltar no tempo e consertar o passado, fazer a coisa certa. Foi-se o tempo de plantar, chegou a hora de colher. Tempo perdido é tempo perdido e a vida cobra impiedosa.
Esclareço logo que não trata-se de uma questão de preconceito, acredite em mim, mas ainda se fosse uma questão de pré-conceito, nem haveria de relacionar-me sob tal condição, entretanto, ouvimos por aí coisas quase sempre muito negativas sobre ex mulheres em geral, em julgamentos geralmente precipitados, como se fossem o demônio na terra, como se não houvesse dois lados, como se a vida fosse feita de pretos e brancos e não de infinitas tonalidades... pois é... é sempre muito fácil julgar sem buscar entender todos os lados. Mas contrariando este padrão, costumo tentar sempre compreender o todo e confesso: não tenho muita modéstia em admitir que se houvesse uma especie de graduação para reflexão e compreensão, eu acredito que talvez já estaria a caminho do doutorado. Normalmente, tenho facilidade para me colocar no lugar do outro, ter empatia, sempre penso “e se fosse eu no lugar dessa pessoa?”, ”e se fosse comigo essa situação?”… mas, contudo, porém, entretanto... mesmo após um esforço fenomenal, e talvez até um pouco ingênuo, preciso admitir que tenho me surpreendido muito recentemente com a complexidade da mente humana, principalmente quando encontra-se irrigada por duas características, na minha opinião, perigosíssimas, como a IGNORÂNCIA e o ORGULHO. A combinação mortal desses dois atributos tem sido responsável pela infelicidade, desgraça e desperdício de vida de uma infinidade de pessoas ao redor do mundo. Além das diversas historias de gente mais próxima, é possível ver adoráveis exemplos do que estou dizendo em obras como peças teatrais, musicas, filmes e livros. Um dos que me marcou muito quando adolescente, foi um pequeno trecho do filme No Amor e Na Guerra, onde em uma cena emocionante, Ernest Hemingway disse para sua amada, após muitos anos de saudade e rancor: “...existe uma parte de mim que quer abraçá-la...” mas não a abraçou, trocando o amor e o perdão pelo orgulho próprio. Ele só disse isto e acabou por falar tudo, somente esta frase e ele pagou o preço. Este pedacinho de raciocínio incompleto foi suficiente para me fazer entender que muitas vezes, se não tivermos força suficiente para abraçar com humildade uma oportunidade quando ela se abre, deixando todos os por menores para trás, a porta pode fechar-se completamente e nunca mais se abrir, e as consequências podem ser inimagináveis. Uma ação aparentemente pequena e insignificante hoje, com base em um sentimento tão negativamente poderoso, pode definir todo o futuro de uma pessoa, mas são poucos os que percebem a grandeza desses momentos no instante em que ocorrem, a maioria só encara a realidade triste dos fatos após muitos e muitos anos, ligando os pontos perdidos, olhando para trás... mas ai já não é possível voltar no tempo e consertar o passado, fazer a coisa certa. Foi-se o tempo de plantar, chegou a hora de colher. Tempo perdido é tempo perdido e a vida cobra impiedosa.
O orgulho que digo, portanto, esta longe de ser aquele sentimento positivo de quando vencemos uma etapa ou quando olhamos para alguém a quem amamos, mas sim aquele obscuro que confunde e fere a alma, que impede o crescimento pessoal, que se alimenta da insensatez. O orgulho que não nos permite admitir um erro, que evita que sejamos pessoas melhores, que não nos permite pedir ajuda e que, por dentro, nos apequena um pouquinho a cada dia, lentamente, até que não sobre mais nada além da ignorância.
É difícil assumir, mas existem muitos ignorantes inteligentíssimos, com formação superior, às vezes até mestrado e doutorado. Refiro-me ao ignorante que não tem sabedoria, não ao bruto. Esse tipo de ignorância nada tem a ver com formação acadêmica, raciocínio logico, profissão ou idade... a verdade é que todos nós somos um pouco estúpidos de vez em quando, uns mais, outros menos, uns com maior frequência, outros nem tanto, mas há uma grande diferença entre fazer besteiras na vida (e conserta-las a qualquer tempo), porque naturalmente ninguém nasce sabendo e não se espera por isso; e ser um ignorante nato e orgulhoso, que não enxerga um palmo a sua frente... por isso eu acredito que um dos grandes desafios da vida é lutarmos contra este grande mal, optando cada vez mais por atitudes que nos tragam sabedoria, resultados positivos e auto-realização, aprendendo com nossos erros, assumindo nossa real situação com maturidade e tentando enxergar o TODO em vez de apenas uma sombra na caverna.
Sempre que encontro alguém no meu caminho com essas características e atitudes, fico pensando no que eu poderia fazer para ajudar a abrir-lhe os olhos (porque muitas vezes ainda sou idiota o suficiente para achar que devo ajudar ou que ainda existe esperança para frutos aparentemente podres), mas concluo tristemente que alguns tipos de ignorância infelizmente podem não ter cura, deixando suas vítimas para sempre na escuridão, sem nunca acordar verdadeiramente para a vida, sem esperanças de evolução. E na minha opinião talvez isso seja a pior coisa que pode acontecer a uma pessoa, alem da inconsciência de sua própria condição, pois a ignorância cega.
A cartinha do inicio deste texto reflete os valores que meus pais me passaram com muita sabedoria, no decorrer dos anos, indicando que, ao contrário do que qualquer ex mulher frequentemente pode inferir e inserir na mente de uma criança inocente, um pai pode amar verdadeiramente seu filho sem ter nem um centavo no bolso para lhe oferecer, e que não existe valor monetário no mundo que possa expressar o verdadeiro amor embutido na programação quinzenal, nos passeios pelo parque, nos trabalhos manuais, na atenção exclusiva, no companheirismo dos jogos de tabuleiro, nas risadas dos cartoons vistos na TV até o adormecer, no leite preparado com chocolate pela manhã, tudo sem custos adicionais, todas as sutilezas que a mastercard não compra. Não existe brinquedo caro, quimono, balé, festa de aniversário em buffet e nem Disneylandia que ajude a formar uma pessoa de valor, mas existe o exemplo que um grande pai pode mostrar de honestidade, respeito, prudência, responsabilidade, dignidade, seriedade, sabedoria e educação (aquela que nenhuma escola te ensina, sabe?), esses sim devem permanecer na memória para sempre, fundamentando o que qualquer pequeno indivíduo precisa para tornar-se um adulto seguro, respeitado e preparado para os desafios e adversidades da vida. Para mim tudo isso é muito obvio, está mais claro do que água, mas para um ignorante nato, orgulhoso e egoísta, importante mesmo é o preço das coisas e não o valor das pessoas, esquecendo-se da ação e reação, que colhemos o que plantamos e que existe um futuro pela frente.
Uma vez eu experimentei a infelicidade de trabalhar com um sujeito intragável, extremamente mau caráter e, desde cedo, aprendi que não é sempre que existe separação efetiva entre pessoal e profissional, tendo em vista que cada pessoa é o que é, e suas ações irão se propagar positiva ou negativamente, independentemente do ambiente em que estejam, familiar ou empresarial. Naquela época eu tinha apenas vinte anos e aprendi uma lição muito importante, repetindo incessantemente para mim mesma, todas as vezes em que fui humilhada, constrangida e desrespeitada: existem pessoas que passam pela nossa vida para nos ensinar a jamais ser como elas, um exemplo a não ser seguido nunca. Quinze anos depois, eu aprendo um pouquinho mais com a ex mulher do meu marido. E sou muito grata por isso.
"Todo aquele que permanece mergulhado na ignorância do orgulho é incapaz de ver ou ser grato pela bondade alheia ou virtude, pois seu espírito não alcançou suficientemente a luz"
Existem milhões de insetos almáticos.
Alguns rastejam, outros poucos correm.
A maioria prefere não se mexer.
Grandes e pequenos.
Redondos e triangulares,
de qualquer forma são todos quadrados.
Ovários, oriundos de variadas raízes radicais.
Ramificações da célula rainha.
Desprovidos de asas,
não voam nem nadam.
Possuem vida, mas não sabem.
Duvidam do corpo,
queimam seus filmes e suas floras.
Para eles, tudo é capaz de ser impossível.
Alimentam-se de nós, nossa paz e ciência.
Regurgitam assuntos e sintomas.
Avoam e bebericam sobre as fezes.
Descansam sobre a carniça,
repousam-se no lodo,
lactobacilos vomitados sonhando espermatozóides que não são.
Assim são os insetos interiores.
A futilidade encarrega-se de maestra-los.
São inóspitos, nocivos, poluentes.
Abusam da própria miséria intelectual,
das mazelas vizinhas, do câncer e da raiva alheia.
O veneno se refugia no espelho do armário.
Antes do sono, o beijo de boa noite.
Antes da insônia, a benção.
Arriscam a partilha do tecido que nunca se dissipa.
A família.
São soníferos, chagas sem curas.
Não reproduzem, são inférteis, infiéis, in(f)vertebrados.
Arrancam as cabeças de suas fêmeas,
Cortam os troncos,
Urinam nos rios e nas somas dos desagravos, greves e desapegos.
Esquecem-se de si.
Pontuam-se
A cria que se crie, a dona que se dane.
Os insetos interiores proliferam-se assim:
Na morte e na merda.
Seus sintomas?
Um calor gélido e ansiado na boca do estômago.
Uma sensação de: o que é mesmo que se passa?
Um certo estado de humilhação conformada o que parece bem vindo e quisto.
É mais fácil aturar a tristeza generalizada
Que romper com as correntes de preguiça e mal dizer.
Silenciam-se no holocausto da subserviência
O organismo não se anima mais.
E assim, animais ou menos assim,
Descompromissados com o próprio rumo.
Desprovidos de caráter e coragem,
Desatentos ao próprio tesouro...caem.
Desacordam todos os dias,
não mensuram suas perdas e imposturas.
Não almejam, não alma, já não mais amor.
Assim são os insetos interiores.
(O Teatro Mágico)
Excelente texto, Cid! Espero escrever tão bem assim um dia! Sobre o tema, espero que essa situação desagradável se resolva logo :/ torço muito por vc! Beijos
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