Bem vindo ao mundo real



"Liberdade é pouco, o que eu desejo ainda não tem nome" disse a filósofa... e isso me faz pensar como existem fatos que, por mais que se tente, não é possível explicar com riqueza de detalhes, pois é necessário que o outro conheça as mesmas experiências em sua própria vida para poder compreender... ainda assim, dividir esses pensamentos pode ser muito útil a quem escreve, pois funciona como uma válvula de escape, e a quem lê, por incentivar a reflexão...
Essas reflexões começaram a invadir a minha cabeça desde uma data que eu nem me lembro mais, mas a verdade é que depois de muitos relacionamentos humanos fracassados, a gente acaba sendo forçada pelas circunstâncias a aprender alguma coisa, e esse "alguma coisa" mostra-se muito valioso após alguns anos.
De certo modo eu estou me referindo muito mais às relações românticas, pois sob meu ponto de vista, são elas as principais que nos ensinam a viver, nos expondo a diversos tipos de desafios que acabam mostrando quem realmente somos.
Assim como muitas outras pessoas, eu já aprendi que às vezes a gente se engana sem saber (e sem querer), pois frequentemente insistimos em acreditar em coisas que não são verdadeiras, confundimos intenções e eu estou me referindo ao eu interior mais íntimo de cada um. Existe um momento em que a gente percebe que não conhece as pessoas e isso é complicado, mas a vida começa a ficar bem trágica mesmo é quando percebemos que não conhecemos sequer a nós mesmos o suficiente. Sócrates disse “Conheça-te a ti mesmo” e isso foi uma das frases mais verdadeiras que alguém já disse. É neste instante que gente erra, se decepciona e se sabota como ninguém, observando que o nosso maior inimigo está bem diante de uma imagem no espelho. Por isso gosto do filme Scott Pilgrim Contra oMundo, ele retrata perfeitamente essa realidade, e de um jeito bem alternativo, pra quem gosta de filme teen com conteúdo, vale a pena ver.
Conhecer alguém e apaixonar-se, viver um grande amor e ficar com ele para o resto da vida parece algo mágico e maravilhoso quando somos adolescentes, parece que a vida inteira se resolverá quando encontrarmos aquele par perfeito, acho que para a maioria das pessoas, principalmente meninas, é essa a imagem que é passada de geração para geração, mas como diria a Lynette Scavo, personagem que eu mais gosto do seriado Desperate Housewives, essa é uma mentira contada e encorajada pelas suas bisavós, avós e mães; que se repete nos filmes românticos e desenhos animados para que seja possível garantir a perpetuação da humanidade... parece uma triste realidade né rs, mas ainda bem que temos vivido dias um pouco mais modernos em que a maioria das mulheres já tem, desde cedo, uma boa noção da realidade e um bom discernimento do que querem para seu futuro e sua vida [pelo menos é isso que se espera...]
Minha experiência diz que, como qualquer mortal, um dia você poderá encontrar um homem que pareça sua metade, seu par perfeito, o amor da sua vida, e viver uma história como de cinema... mas “de uma hora para outra” tudo pode mudar e não ser mais nada disso, porque a vida é assim: dinâmica, não te dá garantias de nada, e é melhor pra você que entenda isso desde cedo. Mas será que é fácil aceitar? Não, essas coisas não são nada fáceis de digerir e nunca devem ser ignoradas, mas certamente não acontecem “de uma hora para outra”. O fato é que a gente vai negligenciando, sem perceber, cada pequeno sentimento (ou a falta dele), cada detalhe, igual é mostrado naquele filme 500 Dias Com Ela sabe? Ele retrata muito bem como a gente seleciona, sem querer, o nosso foco e as nossas memórias, de acordo com o que queremos que seja e não de acordo com a realidade... até que esses pequenos detalhes se transformam em um monstro impossível de controlar ou esconder e aí fica aquela impressão de que foi de repente que se deixou de gostar ou que se deixou de ser amado. A verdade é que todo mundo tem o direito de não ter certeza, e se hoje ele é tudo o que você queria e precisava para ser feliz, não significa que o príncipe encantado não possa se transformar em uma peça de barro inanimada, um estereótipo inexistente, um modelo inacabado, uma teoria furada, dando à sua vida uma cara tão desbotada quanto o descrédito nesse sonho. Esse homem pode fazer tudo por você, te amar de um jeito como nunca ninguém amou, ele pode ser perfeito em todos os aspectos: inteligente, bonito, bondoso, carinhoso, leal e romântico... a verdade é que de nada adianta tudo isso se não for recíproco. Sim! Só existe amor se for recíproco. Essa é a minha visão.
Repare como é curioso: às vezes a gente supervaloriza algo só de pensar em perdê-lo e acaba mascarando tantas imperfeições normais a qualquer ser humano simplesmente por medo de um fim iminente. A gente se sente tão sortudo e privilegiado por ter aquela pessoa ao lado que esquecemos de nós mesmos, dos nossos próprios sentimentos e quando prestamos atenção lá dentro do coração, ouvimos uma voz que diz a verdade que a gente não quer ouvir, que já não somos mais tão felizes como antes e cada dia que passa torna-se mais difícil esconder que aquela pessoa [antes tão amada] já não basta; isso é tão frustrante que muitas vezes parece mais fácil e coerente mentir para si mesmo e passar a noite tentando dramaticamente se convencer de que existe correspondência àquele amor que já morreu, porque sentimos que é um dever corresponder, entretanto, mal sabemos nós que a mentira é um veneno que vai destruindo a pessoa pouco a pouco e atormentando até que não reste nem um pingo de sanidade ou amor próprio. Não existe nada pior do que olhar ao redor e ver casais abraçados, felizes, amados, todos parecendo capazes de ser feliz, sentindo-se excluído do mundo. A tentativa de buscar a felicidade a todo custo, muitas vezes em pequenos momentos de alegria, acaba causando uma grande desilusão porque chega um momento quase desesperado em que você passa a confundir alegrias momentâneas com felicidade, logo esses momentos se mostram apenas pequenos instantes de euforia diante de uma necessidade sórdida de fugir da realidade. Então você pode se perguntar se todas as pessoas que parecem felizes o são de verdade, e traçar teorias de conspiração pensando "será que estão todos fingindo e só eu que não descobri a verdade sobre essa tal felicidade?"... É perigoso mentir pra si mesmo, pois chega um momento em que você não sabe mais diferenciar insanidade de realidade, certo de errado... Até que um dia você conheça a verdade que te faz pensar, e “penso, logo, existo”... No instante em que você encontra essa verdade, você percebe imediatamente que aquele é o único caminho certo, mas infelizmente essa percepção às vezes é inconscientemente negada, pois muitas pessoas acreditam que não merecem e criam um mundo ideal em sua imaginação, um mundo utópico, como se o sonho que nunca pudesse se tornar real. Esquecemos que os sonhos podem abrir os nossos olhos, trazer luz quando tudo estiver escuro, e abrir o caminho para pensarmos com razão sobre o que esperamos de nós mesmos, como queremos traçar nosso próprio destino. Olhando para aquela verdade podemos nos sentir temporariamente impotentes, como se não tivéssemos uma vida para escolher, pois às vezes a gente tem mania de achar que a vida já está traçada, que alguém já tomou todas as decisões por nós, que não temos poder para mudar nada, que o destino já está escrito. Tudo isso é uma grande bobagem! Às vezes a gente não tem ideia de que as correntes que nos prendem a qualquer coisa são muito mais imaginarias do que reais, criadas pela nossa própria emoção. Sem querer, a gente cria um mundo paralelo, uma vida onde temos escolha, onde somos capazes de qualquer coisa, onde somos donas do nosso nariz e onde podemos decidir o que quisermos, mas precisamos entender que tudo isso é possível se prestarmos atenção aos nossos passos e nossas escolhas, se colocarmos em prática nossas ideias, em vez de olharmos ao redor e fazermos tudo errado, temos que abandonar a filosofia linda mas preguiçosa de “deixa a vida me levar” e correr atrás dos nossos sonhos, se não, tudo volta à velha condição onde não nos sentimos capazes de nada, apenas de aceitar o amor que nem sequer acreditamos merecer... eu acredito que “só aceitamos o amor que acreditamos merecer”... (As Vantagens de Ser Invisível)
Essas idas e vindas costumam dar início a um longo processo de autodestruição em que a pessoa se encolhe cada vez mais do tamanho de um alfinete, se sentindo um fiasco em erupção.
É evidente que você pode ter em si todos os sonhos do mundo, mas eles serão nocivos se forem sempre julgados impossíveis, que deveriam ser desfrutados ou realizados em uma outra vida, num universo paralelo, em uma próxima encarnação talvez. Uma hora você simplesmente se anula para cumprir uma promessa, para forçar a reciprocidade a um sentimento que julga maior do que qualquer coisa, para satisfazer outras necessidades que tenta acreditar serem suas e esses muros e correntes passam a ser a sua casa por um bom tempo: um cativeiro que se constrói com as próprias mãos, pra se proteger de qualquer situação, pra evitar qualquer dano, qualquer erro. O castelo sonhado do príncipe encantado que se transforma em alçapão.
De vez em quando você pode olhar pelas grades da janela e ver de longe aquele sonho ali, em constante movimento, e vai logo imaginar "eu não posso ir mais longe do que isso" porque você sabe que não conseguiria suportar uma vida paralela. Você pode olhar para o sonho e sentir-se incapaz de ir até ele, porque a culpa por uma felicidade possível mas imprevisível seria um golpe duro demais. "Você pode me encontrar no meio do caminho?" pode perguntar, mas se demorar muito, talvez ele não vá te ouvir... Às vezes a gente acredita que não tem força para percorrer o caminho inteiro porque ainda não se conhece de verdade, e aquela estrada sonhada mais parece um labirinto ...um grande jardim-labirinto, onde, de fora, é possível ver o sonho na entrada, esperando que você arrisque um pouco, mesmo sem nenhuma promessa, sem nenhum plano, nenhuma certeza. Mas afinal, o que é certo nessa vida além da morte? E finalmente sabemos a resposta: o sofrimento! Nenhuma vida está livre desse drama de sofrer. Todo mundo sofre um dia, assim como todo mundo morre. Não importa qual seja a sua escolha ou a sua decisão, seja ela qual for, sempre trará consigo algum tipo de sofrimento embutido e isso é inevitável. A questão da vida, então, é o quanto devemos sofrer? E quais devem ser os nossos passos para minimizar essa situação? Porque ninguém nesse mundo deseja sofrer, todo mundo quer ser feliz, mas infelizmente ainda não existe GPS para a vida...
E é entrelaçada nessas reflexões que podemos descobrir o grande e principal motivo da infelicidade: o medo. O medo é o nosso algoz. É ele quem nos mantém presos onde estamos, é ele quem amordaça nossa boca e aperta as algemas, é ele quem nos impede de correr até metade do caminho e atravessar aquele grande labirinto. Por causa dele jamais seriamos capazes de tentar nada novo, de quebrar as correntes que nos prendem a uma vida que muitas vezes não conseguimos admitir que não queremos mais, que nos força a esquecer nossos sonhos, fazendo com que pareçam impossíveis, que nos venda para que não enxerguemos que somos capazes de ultrapassar qualquer muro, parede ou estrada. O medo nos faz sentir culpados e essa culpa pode nos consumir, nos prender a uma realidade mentirosa, onde se acredita que "deve-se" ser feliz quando, na verdade, não temos feito efetivamente nenhum esforço pela nossa própria liberdade. Quando menos se espera, o controle da vida não está em nossas mãos, pois o medo assumiu o volante... até o momento em que ele se torne insuportável, até o dia em que você enxergue a triste verdade de não poder decidir nada por si próprio, como se tivesse saído da matrix... vendo a vida que tanto sonhou passar diante dos seus olhos, dando sinal de alerta, pedindo socorro para que você acorde e viva!
Acordar para a vida não é fácil, mudar também é sofrido, porque você tem que pegar uma paleta de cores e pintar o quadro do seu próprio destino, fazer escolhas, assumir consequências e ter força pra conviver com essas razões, erros e imperfeições. Mas quando você ultrapassa essas barreiras é como se aquele lindo jardim fosse feito de nuvens que vão se dissipando com a luz do sol, e quando as trevas finalmente dão lugar ao dia iluminado, lá no meio do caminho, meio distante, você verá o seu sonho do outro lado... esperando por você para desvendar todos os mistérios e caminhos tortuosos desse imenso quebra-cabeça chamado vida.




“Você tem que acreditar em alguma coisa – sua garra, destino, vida, karma ou o que quer que seja. Porque acreditar que os pontos vão se ligar em um momento vai te dar a confiança para seguir seu coração, mesmo que te leve para um caminho diferente do previsto, e isso fará toda a diferença. [...]
Às vezes, a vida bate com um tijolo na sua cabeça. Não perca a fé. Estou convencido de que a única coisa que me permitiu seguir adiante foi o meu amor pelo que fazia. Você tem que descobrir o que você ama. Isso é verdadeiro tanto para o seu trabalho quanto para com as pessoas que você ama. Se você ainda não encontrou o que é, continue procurando. Não sossegue. Assim como todos os assuntos do coração, você saberá quando encontrar. E, como em qualquer grande relacionamento, só fica melhor e melhor à medida que os anos passam. Então continue procurando até você achar. Não sossegue.”







Comentários

Postagens mais visitadas