Comer para viver ou viver para comer?
Estou eu aqui na sala de espera
do Instituto Médico Master Tung,
onde realizo minha terceira consulta com a nutricionista Dra. Thayssa Azevedo. Ela é uma graça, super magrinha, rosto de
boneca, olhar penetrante, voz suave e simpatia a mil.
Resolvi buscar uma Educação Alimentar porque, assim como
muitas outras pessoas neste mundo, principalmente depois dos 30, adquiri uns
quilinhos extras dos quais não conseguia me livrar de jeito nenhum. Eu já tinha
buscado diversas alternativas, inclusive consultado outros nutricionistas, vez
ou outra eu baixava alguma receita na internet, aplicativos para o celular,
tinha pensado até em comprar algum livro para me motivar. Começava a fazer
academia e em poucos meses parava. Os resultados sempre me pareciam muito
pequenos perto do esforço e privação a que eu me obrigava. Infelizmente com os
anos passando eu só ganhava mais peso em vez de perder como desejava... Mas a
verdade seja dita, meus queridos leitores, eu nunca me esforcei o suficiente, nunca me eduquei de verdade, e digo
educar porque chamar de REeducação alimentar uma ação que vai ensinar pela
primeira vez a pessoa a comer direito, está obviamente errado. Então digo com
todo orgulho que estou me educando, pois pela primeira vez na minha vida, estou
aprendendo como comer do jeito certo. Continuando com "a verdade seja
dita", vamos entender as coisas: desde criança eu fui magrinha, mas muito
preguiçosa, cabulava todas as aulas de educação física na escola simplesmente porque
odiava esportes. Filha de uma família nordestina e com uma mãe que cozinha
absurdamente bem, sempre comi sem regras: pães, massas, doces e refrigerantes,
o que no longo prazo me trouxe muitos prejuízos, não apenas para o corpo mas
também para a saúde, incluindo os dentes! Infelizmente algumas coisas a gente
só aprende errando mesmo...
Há uns três anos, tomei vergonha
na cara e resolvi procurar um esporte que me desse prazer, e nessa fase
pratiquei artes marciais, como muaythai
e kickboxing e depois, o ciclismo. Adorei ambos, mas o grande
problema com o qual me deparei foi a dificuldade de manter uma regularidade.
Quem já tentou ingressar em uma atividade física qualquer sabe que no começo é
só empolgação, mas com o passar do tempo, tem que ter muita determinação para
manter o ritmo. No meu caso a dificuldade veio da falta de tempo mesmo, pois
trabalhando e estudando em horário integral é sempre muito difícil conseguir
conciliar um esporte com a rotina. Parei totalmente com as atividades físicas quando
comecei a sentir muitas dores no quadril, em ambos os lados, ao levantar,
caminhar ou sentar. A dor era tanta que às vezes eu até mancava. Depois uma dor
imensa na panturrilha que parecia uma câimbra, mas não passava, doía muito
intensamente. Além do cansaço persistente, falta de ar, fadiga, etc. Resolvi procurar
um médico e fiz todos os exames necessários: raio-x, ultrassonografia,
eletrocardiograma, hemograma, etc... Resultado: tudo ok, menos com o quadril: duas
semanas de anti inflamatório para bursite. Infelizmente continuava doendo ao
andar e eu resolvi aposentar precocemente a bicicleta. Enfim... todos esses
fatores me aborreceram muito, pois sempre tive uma saúde impecável e estava em
vias de perder o que tenho de mais precioso por minha própria culpa: alimentação
pobre e sedentarismo, combinação mortal. Engraçado como existe uma negligência
embutida quando se trata de alimentação errada, porque pra mim as comidas
absurdamente ruins para nossa saúde deveriam vir com um alerta igual aos que
vêm nas embalagens de cigarros, como os fast
foods ou o açúcar refinado, por exemplo. Os alimentos, principalmente os
mais industrializadas, podem acarretar vícios da mesma forma que uma droga
qualquer e os prejuízos para a saúde são inúmeros. O fato é que a maioria das
pessoas não leva a sério por acreditar que a preocupação com a educação
alimentar é um privilégio de quem quer emagrecer ou que este é um tema
relacionado a estética. As pessoas passam a aceitar o sobrepeso ou a obesidade
como uma coisa normal, mas a verdade é que são raras as pessoas que tem algum
problema de saúde que provoca o aumento de peso, a maioria engorda porque come
muito e as coisas erradas.
Bem, eu passei a acreditar
fortemente que todos os meus problemas estavam relacionados com o ganho de peso
e olhando para trás, hoje posso dizer que eu estava certa. O que mais me
motivou a mudar de vida foi a relação com pessoas próximas que adquiriram
problemas de saúde que levaram a algum tipo de restrição alimentar ou em que a
obesidade teve algum tipo de influência sobre o estado de saúde da pessoa.
Infelizmente essas coisas acontecem e é nesses momentos que precisamos refletir
e aprender com nossos erros. Mudar é preciso e nunca é tarde. Consciência
refeita, pensei em procurar uma clínica de emagrecimento, pois nessa altura do
campeonato já tinha percebido que precisaria de ajuda nessa batalha. Inicialmente,
procurei a clínica Emagrecentro,
onde me ofereceram um pacote de milhões de coisas, incluindo acompanhamento
nutricional e um preço exorbitante. Antes de desembolsar a quantia, resolvi
pesquisar e pensar melhor sobre o assunto, quando tive a ideia de procurar um
profissional (nutricionista) por minha conta, já que tenho um bom convenio
médico, e foi aí que encontrei a Dra. Thayssa, citada no início da história. Confesso
que a primeira vez que entrei no consultório fui pensando igual a todo e
qualquer gordinho: ela vai dizer tudo que eu já sei e vai receitar uma dieta
absurdamente restrita que eu não vou conseguir seguir nem na próxima
encarnação. Sim, o que eu queria era ser igual a essas pessoas que comem tudo e
não engordam. Vivia me comparando e reclamando que eu comia "normal",
igual a todo mundo, mas o universo conspirou pra que eu engordasse. Dizia pra
mim mesma: não vou viver de alface, restringir a minha vida, deixar de viver e
sair para comer com meus amigos e blá-blá-blá... choradeira total...
Pra começar, a consulta já foi
diferente porque ela trabalha com a nutrição
funcional, em que as dietas não são generalizadas e não se baseiam apenas
em contar calorias. Em nenhum momento a doutora mencionou a quantidade de
calorias que eu deveria ingerir. Simplesmente perguntou sobre o meu dia a dia,
mediu minha massa e dimensões, calculou o famoso IMC (índice de massa corpórea)
e montou o cardápio adequado para o meu objetivo de perder 10 kg. Achei interessante a consulta, muito mais informativa
e o cardápio bem mais coerente do que qualquer outro que já tivessem me
receitado e ainda com uma novidade que fez toda a diferença na minha
(re)educação: a alfarroba. Trata-se
de uma vagem, que industrializada, transforma-se em produtinhos muito parecidos
com o chocolate e que foi um coringa nas primeiras semanas em que comecei a
mudança. Os diferenciais positivos da alfarroba em relação ao chocolate são
diversos, mas o sabor é muito similar, sendo que ela é naturalmente doce. O meu
maior problema sempre foram os doces e com esse alimento novo, consegui quebrar
o ciclo vicioso do açúcar na minha vida. O resto foi mais fácil: alimentos integrais, grelhados, legumes, frutas e verduras eu sempre gostei, só precisei
me disciplinar e conscientizar para "preferi-los" nas horas das
refeições. Adicionei 40 minutos de
caminhada diária também por sugestão da doutora. No primeiro mês foram-se
aproximadamente 4 kg e no segundo mais 4 kg e estou agora neste patamar, faltando apenas 2 kg para conquistar
meu objetivo.
Vim aqui escrever a minha experiência no intuito de compartilhar a minha mudança: em nenhum momento eu me sinto de dieta, não me sinto proibida de comer nada, eu mudei a minha mente para preferir coisas mais saudáveis, que farão bem para meu corpo e para meu cérebro também. Aproveitei este momento para aprender coisas novas, receitas novas, já que gosto de cozinhar. Entendi que o mundo está cheio de coisas gostosas que fazem mal pra gente, mas também está repleto de opções maravilhosas e trilhões de vezes melhores para sua saúde. O bem mais precioso que eu possuo é o meu corpo e ele não serve pra nada se não estiver saudável. A vida é uma escolha, é simples assim. Eu mudei a minha alimentação para ser mais feliz e tenho sido muito desde então. Nunca havia experimentado essa sensação antes, de ser tão livre para comer o que quero, optando melhor, emagrecendo e vivendo melhor. Essa mudança teve efeitos significativos sobre a minha disposição, sono, auto-estima. Tudo mudou. Realmente uma vida feliz começa pela sua alimentação.
Conclusão: emagrecer está muito mais intima e primeiramente
relacionado ao modo como você pensa, como você vê o mundo, como enxerga a si
mesmo, do que simplesmente com o que você ingere, já que suas escolhas estão
diretamente relacionadas aos seus conhecimentos, que por sua vez, refletem
sobre seus hábitos. É uma questão mais psico patológica do que qualquer outra
coisa. Se você parar pra pensar, a diferença entre um frango grelhado ou
empanado, leite desnatado ou integral, açúcar refinado ou mascavo (ou
adoçante), farinha de trigo branca ou integral, não são tão gritantes, exceto
se você não conhecer (ou não acreditar realmente) nas diferenças de composição
nutricional desses alimentos. A mudança
de hábito exige esforço e determinação, mas depois de um tempo, assim como
qualquer hábito, torna-se natural. A grande verdade é que educar-se não
depende de ninguém, não depende de ter dinheiro ou não, só depende de você, pois a informação necessária está aí na nossa frente
o tempo todo. Se você realmente deseja perder peso e melhorar a sua saúde,
“perca” um pouco do seu tempo e PESQUISE
sobre as reais diferenças entre os tipos de açúcar (refinado, demerara, fit,
mascavo...), as vantagens dos alimentos
integrais, que vão muito além das fibras, os males causados pela gordura no
seu organismo, as doenças oriundas do sedentarismo e obesidade, os grandes
benefícios da quinoa e gojiberry, dos chás, as frutas e legumes. EXPERIMENTE tudo o que você ler que faz bem para a saúde, dê uma
chance ao seu corpo, ao seu metabolismo, eles vão agradecer mais tarde. E para
finalizar, acrescente à sua rotina uma atividade física que lhe caia bem, que
seja possível de seguir para o resto da vida e que lhe dê prazer. De nada
adianta entrar em uma academia ou escolher um esporte de alta intensidade se
você souber que não vai conseguir praticar sempre. Quando você para de praticar
um esporte intenso, ganhar muito mais peso do que antes, isso aconteceu comigo.
Agora eu escolhi a caminhada, pois independe de investimento financeiro, tempo
ou local. Aonde quer que eu vá, terei que continuar andando.
“Possuímos a faculdade de mudar conscientemente a direção de nossa vida, de engrandecê-la e aprofunda-la, em vez de apenas permitir que ela siga a esmo.”
“O que importa é quem somos
quando somos desnudados de todos os fatores externos, o que importa é como
somos sendo nós mesmos.”
(Revista TC – Terceira Civilização, de fevereiro de 2003)
Alfarroba ajuda a saciar a vontade de comer doces |
Chá de hibiscus ajuda a acelerar o metabolismo |
A gojiberry é rica em vitamina C e tem propriedades nutricionais importantíssimas para prevenir envelhecimento, fortalecer o sistema imunológico, entre muitas outras coisas |
DICAS:
1- Pesquise muito sobre as coisas e alimentos que ajudam a mudança de hábito para emagrecer com saúde, educar-se é, primeiro de tudo, ler e aprender. Compre livros de receitas light e desenvolva o prazer pela cozinha;
2- No Mercado Municipal de São Paulo você pode encontrar uma grande variedade de frutas e opções saudáveis para enriquecer sua alimentação
3- A loja Mundo Verde possui uma imensidão de produtos para ajudar a perder peso com saúde, foi lá que encontrei os chás, a alfarroba, pacotinhos de oleaginosas e outras coisas legais para carregar na bolsa no dia-a-dia. Além disso, a franquia possui um livreto de receitas maravilhoso, onde você pode aprender a fazer pratos, lanches e sucos;
4- Procure um bom profissional nutricionista para lhe ajudar nessa empreitada, o esforço é seu, mas a motivação de compartilhar seus ganhos com o médico ajuda muito. Também recomendo que façam um check-up para saber se está tudo em ordem com você, até porque é importante adicionar a atividade física ao dia-a-dia;
5- Procure fazer exercícios regularmente, mas não precisa necessariamente se matricular em uma academia e se matar de malhar, tente optar por atividades que conseguirá manter na rotina, às vezes é melhor caminhar meia hora por dia todos os dias do que malhar pesado uma vez por semana.
6- Compartilhe sua comida sempre! Às vezes é quase impossível evitar de comer coisas calóricas, como um pedaço de bolo gentilmente oferecido em uma visita ao amigo ou em uma festa de aniversário, por exemplo. Divida o pedaço ao meio (ou por três rs), o pacote de salgadinho, a tigela de pipoca, o sanduíche e tudo mais que puder dividir. Você será gentil e comerá menos.
6- Compartilhe sua comida sempre! Às vezes é quase impossível evitar de comer coisas calóricas, como um pedaço de bolo gentilmente oferecido em uma visita ao amigo ou em uma festa de aniversário, por exemplo. Divida o pedaço ao meio (ou por três rs), o pacote de salgadinho, a tigela de pipoca, o sanduíche e tudo mais que puder dividir. Você será gentil e comerá menos.
Amooo pipoca! Mas agora só de panela, com margarina light e em quantidade limitada hahaha |
Antes: Aproximadamente 64 kg |
Antes: Aproximadamente 67 kg |
Depois: Aproximadamente 60 kg |
Depois: Aproximadamente 58 kg |
Atualmente: Aproximadamente 56,5 kg |
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