À beira da vida

Existe um momento em que a gente se toca que existem questões neste universo que estão muito acima da nossa capacidade de compreensão e outras que não precisam de nossa atenção... é nesse momento que a gente aprende a pôr os pingos nos is e dar importância ao que realmente é importante.
Recentemente pude viver a terrível experiência de ver uma pessoa muito querida adoecer de repente, mas não foi uma coisa simples, foi tão grave a ponto de quase levá-la. Felizmente alguma energia muito boa nesse inexplicável mundo fez com que as coisas se resolvessem tão rápido quanto se agravaram. Do dia pra noite ela quase morreu. Do dia pra noite ela se curou. E aí eu não consegui mais parar de pensar...
A gente não sabe quando vai morrer e por isso assumimos erroneamente que esse dia nunca vai chegar. Sim, frequentemente e inconscientemente acreditamos que viveremos para sempre e os nossos entes queridos também. Deixamos tudo pra depois, pra amanhã, pra semana que vem, para o fim de semana, para o feriado, para o fim do ano. Temos a estranha mania de achar que só acontece com os outros, mas diante da morte nossa vida se desfaz, se aniquila, se vai num piscar de olhos. Vida frágil. Basta Um segundo de desatenção no volante, um momento de pressa na rua, um instante de negligência e morremos como qualquer frágil animal do planeta. E de repente nossa única chance se acaba para sempre, sem aviso prévio, sem deixar nem um rastro, a terra consome e simplesmente deixamos de existir, simples assim, sem piedade.
Não tem um dia sequer que eu deixe de me lembrar da história da “mulher que alimentava”, aquela que foi foco de uma reportagem da revista época no ano de 2011. Foi uma história muito chocante sobre uma merendeira chamada Alice de Oliveira Souza, vítima de um câncer fatal e que deixou uma mensagem a ser divulgada, repetida e repensada milhões de vezes:
“É tão estranho”, ela diz. “Passei a vida inteira batendo ponto, com horário pra tudo. Quando me aposentei arranquei o relógio do pulso e joguei fora. Finalmente eu seria livre. Aí apareceu essa doença. Quando tive tempo, descobri que meu tempo tinha acabado.”
Pois é, “lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu conheço para evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder”, ainda assim, a morte ainda é um dos fatos mais espantosos, dolorosos e inesperados que podemos experimentar. Ninguém consegue escapar. Ninguém sabe quando vai morrer e não se espera por isso, ninguém se prepara o suficiente para isto porque a verdade é bem simples: ninguém quer morrer, nem mesmo quem se mata quer morrer porque a vida é uma dádiva com a qual nos acostumamos a ponto de esquecer sua brevidade, e diante dos pequenos problemas, esquecemos quem somos de verdade, dando mais atenção aos detalhes do que à essência... esquecemos que o nosso relógio está decrescendo, que nosso tempo é incerto e que nossa vida é urgente e pede, todo dia, desesperadamente, que deixemos as pequenas coisas de lado para engrandecer-nos diante de sua magnitude.

A ansiedade de se viver, o desespero de ganharmos mais tempo, a necessidade de mais uma chance me tira o fôlego... Na sala de espera da vida eu choro de felicidade e gratidão, e penso no minuto em que a vida das pessoas se cruzam, no efeito borboleta, no segundo exato do óbito de um e na esperança de que o outro sobreviva. E nesse momento concluo meio pensativa, que não importa quem você é, seu tempo só acabará quando a hora certa chegar, mas você nunca saberá que hora é essa. Enquanto isso, por favor, engrandeça-se! Viva intensamente o tempo que lhe é oferecido de graça! 

Viva la vida!!




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