Tudo tem dois lados [depoimento Termomecanica]
Em meados de 1981 meus pais visitaram, pela primeira vez, um grande clube localizado na estrada dos Alvarengas, na altura do número 4001, chamado Country Clube. Acredito que foi a primeira e única vez que minha mãe pisou neste lugar, comigo ainda na barriga, sem saber que muitos anos depois aquele lugar daria espaço a uma grande escola e oportunidades para seus filhos.
Eu ingressei no Colégio Termomecanica, atualmente parte do CEFSA- Centro Educacional da Fundação Salvador Arena, quando não tinha mais esperanças de que a vida poderia me dar uma chance de busca por um futuro melhor. A verdade é que não me saí muito bem no primeiro vestibular, pois o ensino público na minha época de colégio já estava muito precário e, vindo de uma família humilde, nunca tive dinheiro para buscar ensino particular, nem para fazer cursinhos preparatórios e nem muito menos para ter expectativa de ingressar em uma faculdade privada. Sem dinheiro, formação ou experiência, aos 18 anos, dramática como sou, eu me perguntava o que seria da minha vida, já que as vagas em universidades públicas estavam cada vez mais concorridas e eu precisaria trabalhar, mais cedo ou mais tarde, para ajudar no sustento da casa... até o dia em que minha mãe me convenceu a participar de um processo seletivo para o curso técnico em mecânica oferecido pelo Colégio Termomecanica. Tímida como eu era, nunca havia cogitado entrar em um curso tão masculinizado, mas diante das alternativas da época, resolvi arriscar. Eu não sabia naquele tempo, mas havia acabado de tomar a melhor decisão da minha vida.
Ingressei no curso técnico em mecânica oferecido pela Fundação Salvador Arena em junho de 2001 e fiz parte da segunda turma, que um semestre depois converteu-se em mecatrônica industrial. Para minha surpresa, fui a única aluna do sexo feminino em meio a uma turma de 32 alunos e, por meio desta experiência, aprendi muito mais do que o proposto nas disciplinas técnicas do curso. Obtive êxito em meus 18 meses de colégio técnico suficientemente para, ao final do curso, ser indicada pelos professores, junto de mais cinco colegas, a escolher em qual empresa gostaria de fazer o estágio supervisionado obrigatório, pois para uma escola conceituada como a Termomecanica, naquela época tínhamos mais vagas (oferecidas por diversas empresas de renome) do que alunos para preencher as vagas. Dos 30 colegas formados naquele semestre junto comigo (houve apenas um desistente), se me recordo bem, ninguém ficou sem oportunidade de estágio.
Lembro-me deste momento como se fosse hoje, entramos na sala do Sr. Valcir Shigueru Omori, na época diretor do Colégio Termomecanica, e ele nos mostrou uma lista com mais de 30 organizações interessadas em nos contratar. E entre elas encontrava-se, obviamente, a própria TM, como indústria metalúrgica muito reconhecida na região do ABC e que, com seu nome imponente, nos abria um leque de desafios inimagináveis. Particularmente para mim, como a primeira mulher do curso e com essa oportunidade única nas mãos, foi muito gratificante e desafiador este momento. Não tive dúvidas, iniciei minhas atividades como estagiária no setor de manutenção mecânica da fábrica I há treze anos e, passando por outros departamentos como segurança do trabalho e projetos de embalagens, fui efetivada na área de inspeção da produção, hoje conhecida como área da qualidade. Nesta empresa eu fiquei por cinco anos aproximadamente, e foi ela a sólida fundação que eu precisava para subir muitos degraus na carreira que acabava de começar. Esta empresa me ofereceu não apenas experiência profissional, ela me tornou uma pessoa mais resistente e preparada para encarar qualquer desafio que pudesse surgir pelo meu caminho, me fez entender do que eu era capaz e nem mesmo sabia. Foi por meio dela que eu pude cursar a primeira faculdade, ajudar na reforma da casa de meus pais, fazer diversas viagens, estudar idiomas e outros temas importantes para minha profissão. A Termomecanica transformou a minha vida, lapidou-me da pedra bruta, forjou-me a ferro e fogo para que eu pudesse extrair o melhor de mim em tudo o que fizesse, e essa foi a maior das lições que eu poderia aprender. Tenho muito orgulho de ter colaborado com uma instituição tão ativa em questões sociais, por meio das ideias de um fundador preocupado com a situação não apenas da educação no Brasil, mas com as condições das minorias sociais. Quantas empresas conhecemos, que levam essas questões tão a sério a ponto de fundar um Centro Educacional exemplar como o da Fundação Salvador Arena?
Apreciei tanto a experiência que voltei dez anos depois para fazer o curso superior de Tecnologia em Processos Gerenciais, e simplesmente o nome da Termomecanica me rendeu não apenas entrevistas, mas oportunidades de trabalho diversas, mesmo muitos anos depois.
Hoje tenho dois cursos superiores concluídos, uma larga experiência em minha área de atuação, trabalho atualmente em uma excelente multinacional e estou prestes a concluir minha pós-graduação. E eu devo isto a minha dedicação pessoal, em conjunto com a oportunidade que me foi oferecida pela Termomecanica.
O nome da TM parece que fica enraizado na gente, são poucas as pessoas que conheço que saem da empresa ou da escola e não conquistam um futuro promissor, a maioria prospera. Nem tudo foi um mar de rosas esse tempo todo, como tudo nesta vida não é, mas a experiência que eu vivi, recomendaria a qualquer pessoa que deseje superação, pois foi o que me impulsionou a conquistar tudo o que tenho e o que sou hoje.
Este texto foi publicado em http://www.cefsa.org.br/depoimentos/
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