Meu museu em obras
Eu adorava a ideia de tocar violão quando adolescente, mas abandonei no meio do caminho porque logo comecei a trabalhar e estudar e não sobrou muito tempo pra pensar em continuar tentando aprender algumas notas... Eu gostava de desenhar também, principalmente rostos e pessoas, e até que eu tinha um certo talento, mas larguei mão porque não tinha nada a ver com a carreira que eu escolhi meio sem querer, e por mais que eu gostasse de desenhar, a realidade deu uma esmagada nas minhas esperanças de talvez algum dia ganhar dinheiro com isto. Eu amava traduzir textos, desde muito nova, virava madrugadas traduzindo musicas e textos, e pra falar a verdade eu amo esse tipo de trabalho até hoje, mas nunca acreditei que poderia ser capaz de viver disto. Hoje vejo que talvez não teria sido tão mais difícil do que é minha vida atualmente e que de repente eu deveria ter acreditado um pouco mais em mim...
Eu adoro escrever e por isto resolvi criar o blog, mas nem pra isso tenho mais inspiração ultimamente. A vida às vezes toma rumos que apagam as nossas chamas, e como diria o Steve Jobs, ela às vezes bate com um tijolo na nossa cabeça...
Com o passar do tempo, aprendi a gostar de medir as coisas, e a analisar os resultados dessas medições... calcular as incertezas, observar os desvios, verificar a estabilidade de um padrão eram coisas que realmente me agradavam, mas medir por medir nunca bastou, eu sonhava em fazer a diferença, tornar o mundo das pessoas ao meu redor um lugar melhor, por meio não só das análises que eu fazia, mas da forma como eram desenvolvidos os nossos trabalhos, na confiabilidade com que as minhas ações poderiam garantir a qualidade não só de produtos, mas da vida de muitas pessoas...houve um tempo em que eu consegui transpor as barreiras capitalistas e fazer alguma diferença no meio da ciência das medições, com ajuda e suporte de algumas pessoas que pensavam como eu... mas isso, infelizmente, já faz parte de um passado remoto que dificilmente voltará... isso não é prioridade no mundo em que estou, e agora nem isso eu sei se quero mais.
Tudo isso me faz pensar se eu não teria sido mais feliz como artista, designer, escritora ou professora, independentemente do dinheiro... sou muito mais humana do que exata...
Tudo isso me faz pensar se eu não teria sido mais feliz como artista, designer, escritora ou professora, independentemente do dinheiro... sou muito mais humana do que exata...
Olho para o céu e vejo um dia lindo, maravilhoso. Penso no quanto minha vida é abençoada, mas a verdade é que de uns tempos pra cá, ela vem se tornando um grande emaranhado de dias e horas a espera de algo que não vem, ou simplesmente a espera do fim de semana...
Eu estudei com prazer e continuo ainda tentando vencer o cansaço para me aperfeiçoar, somente pelo fato de gostar de evoluir, sem esperar nada em troca. Trabalhei com dedicação em tudo o que fiz, dei o máximo de mim sempre que foi possível, incansavelmente, há mais de 12 anos... mas hoje me pergunto se os meus esforços realmente valeram a pena, quando se trata de avaliar a contribuição real sobre a minha carreira, e sinto como se não tivesse valor, como se eu não servisse pra mais nada... mesmo sabendo que, assim como muitos outros profissionais que conheço, somos quase um museu em obras, com as obras em leilão. Eu não vou me adaptar. E não vou acomodar com o que incomoda.
"Eu sinto que sei que sou um tanto bem maior"
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